A pecuária tem uma competição muito grande por área com outras commodities e a perda de participação no uso do solo se deve mais a ineficiência do uso das terras, com baixas taxas de lotação do que da perda de rentabilidade da atividade em si. De uma maneira geral, quando os pastos são utilizados intensivamente, a produção de bovinos em pastagens compete em rentabilidade por área com qualquer atividade, além do Sistema de Integração Lavoura Pecuária Floresta que na mesma área são produzidos carne e leite e outros produtos agropecuários.
A pecuária extensiva pode deixar de ser uma atividade de abertura de fronteiras, algo complicado com as atuais restrições ambientais, bem como uma reserva de áreas para agricultura em expansão para ser uma atividade de exploração intensiva dos solos, com manejo e adubação intensiva e onde é viável, irrigação de pastagens.
No projeto Canivete, conduzido pelo professor Moacir Corsi, propriedades de pecuária com 12% a 13% de áreas intensificadas tiveram elevação da produtividade de 21% a 47%, passando de 3,9 a 7 arrobas por hectare, nas águas em áreas extensivas passaram para 18,7 a 24,9 arrobas por hectare nas áreas intensivas adubadas (Tabela 1).
[caption id="attachment_10719" align="aligncenter" width="373"]Essas áreas são intensivamente corrigidas e os pastos bem manejados, além do uso de forrageiras de melhor produtividade e valor nutritivo como os panicuns, porém somente viáveis em áreas de boa fertilidade e manejo adequado.
As áreas de pastagens utilizadas e tratadas como culturas, onde a fertilidade do solo é corrigida, são intensivamente adubadas, os pastos são bem divididos e manejados respeitando sua fisiologia, maximizando a produtividade e qualidade da forragem, as plantas invasoras, pragas e doenças são controladas e a escolha da forrageira é feita pela sua adequação e produtividade e não pela “resistência ao pisoteio”, ou seja, tolerância a erros de manejo, a produtividade por área é elevada e a produção de leite e carne concorre em rentabilidade com qualquer atividade agropecuária.
Importante deixar claro que pastagens intensivamente manejadas implicam em cuidados, manejo, investimentos e conhecimentos tão importantes quanto qualquer cultura, porém com um ponto positivo, que é maior tolerância das forrageiras a veranicos e a ocorrência deles, não faz com que se perda o ano todo de produção, mas apenas a de um ou dois pastejos e nem sempre da área toda.
Outra característica é que pastagens intensivamente manejadas aumentam muito a produção das águas e consequentemente a taxa de lotação nesse período e, mesmo que a produção da seca seja um pouco melhor, a produção da época das chuvas é muito superior à daquela com restrições climáticas, aumentando o problema de falta de forragem na época desfavorável, tornando muito necessário uma estratégia bem definida de suplementação nesse período e/ou com retirada de animais da propriedade para um confinamento ou venda.
As pastagens adubadas e intensificadas tornam o uso da terra pela pecuária de corte e leite tão competitiva quanto qualquer atividade agropecuária.