O Brasil é um dos países que mais pesquisa gramíneas tropicais e sempre há uma busca por espécies e cultivares mais adaptados e produtivos para serem lançados no mercado. O híbrido BRS RB331 Ipyporã é uma cultivar de Brachiaria, resultado de um cruzamento entre B. ruziziensis e B. brizantha, liberado pela Embrapa em 2017. Adaptada a solos de média fertilidade, com bom valor nutritivo e com resistência à cigarrinha Mahanarva, da cana.
A área de cana de açúcar tem aumentado com a demanda de açúcar e etanol. A expansão dos canaviais disseminou também a cigarrinha mahanarva, de coloração vermelha, que também afeta as brachiarias tolerantes às cigarrinhas das pastagens, como a Marandu, Xaraez e Piatã. Em áreas onde a presença da cigarrinha da cana é endêmica, a Ipyporã é uma boa alternativa.
A BRS Ipyporã é bastante semelhante ao cv. Marandu quanto ao manejo, formando um relvado mais prostrado e denso, com alta porcentagem de folhas, portanto resultando em excelente cobertura do solo e competição com invasoras. Nos ensaios de corte, a BRS Ipyporã apresentou bom desempenho agronômico, com alto teor de folhas e relação folha:colmo, mas sobretudo, maior valor nutritivo que a cultivar Marandu e outras cultivares de B. brizantha.
A BRS Ipyporã não apresenta resistência a solos encharcados, portanto não pode ser recomendada para áreas com problemas de drenagem, ou onde haja incidência da síndrome da morte do capim-marandu.
O excelente ganho de peso vivo por animal e por área (Tabela 1) apresentado pela BRS Ipyporã sob pastejo associado ao alto valor nutritivo da forragem disponível, faz dessa cultivar uma forrageira recomendada para diversificar os sistemas de produção de bovinos de corte, resultando em maior desempenho por animal, e consequentemente, reduzindo a idade de abate. Pode ainda ser recomendada para as categorias de exigência nutricional mais elevada, tais como bezerros desmamados, vacas em terço final de gestação e em lactação.
Tabela 1 – Produtividade da Ipyporã em relação ao cv. Marandu.
A BRS Ipyporã tem bom nível de resistência às seguintes espécies de cigarrinhas: Notozulia entreriana, Deois flavopicta, Mahanarva fimbriolata e Mahanarva sp. As avaliações têm sido feitas, principalmente, com base no mecanismo de resistência denominado antibiose. Antibiose está caracterizada pela ação adversa da planta hospedeira, sobre a biologia (desenvolvimento) do inseto. De maneira geral a planta afeta o potencial de reprodução da praga. Os efeitos mais comuns, verificados quando um inseto se alimenta de uma planta resistente por antibiose são a morte das formas jovens (afetando, portanto, a sobrevivência); tamanho e peso dos insetos, reduzidos; período de vida anormal (desenvolvimento prolongado); morte na transformação para adultos e fecundidade reduzida.
A BRS Ipyporã é uma boa alternativa para diversificação de espécies forrageiras em uma propriedade de pecuária principalmente quando há presença de cigarrinha da cana, Mahanarva, presente no entorno da propriedade