23/11/2022 às 10h43min - Atualizada em 23/11/2022 às 10h46min

Mais arrobas com óleos essenciais

O uso de óleos essenciais ou extratos de plantas, aquelas que produzem essências, podem modular a fermentação ruminal e melhorar a eficiência de produção. São produtos naturais que não apresentam restrição ao uso, principalmente na exportação para países europeus. Alguns óleos possuem eficiência semelhante aos ionóforos, atuando seletivamente nas bactérias ruminais e tornando o rumem energeticamente mais eficiente.

Muitos produtos têm sido testados como melhoradores da eficiência ruminal, melhorando o aproveitamento do alimento e diminuindo a emissão de metano, um dos principais gases de efeito estufa. Os mais testados e usados são os ionóforos como monensina e salinomicina, mas outros antibióticos como a virginiamicina (não ionóforo) têm sido usados com sucesso. São várias as opções que têm no mercado, mas esses produtos têm tido restrição em alguns países importadores, notadamente a Europa. Entre as alternativas podem ser usados os óleos essenciais.

Óleos essenciais são substâncias lipofílicas, líquidas e voláteis presentes nos variados tecidos dos vegetais que lhes conferem proteção contra predadores, além de odor e cor. Podem ser obtidos por extração a vapor ou por solventes.

As pesquisas vêm demonstrando que alguns óleos podem ter uma atuação similar à dos ionóforos, inibindo o desenvolvimento de alguns tipos de bactérias, mudando o perfil de ácidos graxos ruminais e diminuindo a produção de gás metano e perdas metabólicas.

O principal efeito dos óleos essenciais observado no rúmen é a redução da degradação da proteína e do amido, devido à ação seletiva em certos organismos ruminais, porém também melhora o controle do pH ruminal, concentrações de amônia e ácidos graxos de cadeia curta e eficiência de síntese microbiana.

Em um trabalho de meta análise foi observado que a inclusão dos óleos essenciais não teve efeito no pH ruminal, mas a inclusão deles na dieta aumentou o consumo de matéria seca (CMS), o ganho médio diário (GMD) e a relação GMD:CMS (Tabela 1). A adição dos óleos essenciais na dieta de bovinos de corte melhorou o desempenho dos animais, uma vez que aumentou o CMS e o GMD, reduziu as concentrações de N-NH3 e aumentou as porcentagens de propionato melhorando assim.

Tabela 1 – Efeito do uso de óleos essenciais (Ferreira, 2021).

Variável resposta

Medida de efeito

CMS (kg/dia)

0,2862 (0,0818; 0,4907)

GMD (kg/dia)

0,1148 (0,0223; 0,2073)

Relação GMD:CMS

0,0060 (0,0032; 0,0088)

pH ruminal

−0,0003 (−0,0155; +0,0148)

Os óleos essenciais têm potencial para serem utilizados como aditivos na produção de ruminantes, sendo necessários estudos adicionais para melhor compreensão do mecanismo de ação desses compostos, principalmente, sobre os microrganismos ruminais e seus efeitos sobre os parâmetros de fermentação ruminal. É importante explorar além dos óleos, seus compostos ativos isoladamente, buscando encontrar substâncias da flora nativa brasileira assim como doses capazes de manipular positivamente a fermentação ruminal.

 


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