12/05/2023 às 13h12min - Atualizada em 12/05/2023 às 13h22min
AgroGalaxy amplia prejuízo líquido para R$ 96,6 milhões no 1º trimestre
POR ESTADÃO CONTEÚDO
ESTADÃO CONTEÚDO
São Paulo, 12 - A AgroGalaxy, uma das maiores varejistas de insumos agrícolas e serviços voltados ao agronegócio do Brasil, registrou no primeiro trimestre de 2023 prejuízo líquido ajustado de R$ 96,6 milhões, ampliando em 116,1% o prejuízo líquido ajustado registrado no primeiro trimestre de 2022, de R$ 44,7 milhões. A margem de lucro ajustado, que há um ano havia ficado negativa em 1,4%, no primeiro trimestre deste ano ficou negativa em 3,5%.
"O resultado financeiro seguiu afetado pelo CDI em patamares elevados, mas melhoramos o repasse de custos financeiros de produtos vendidos a prazo aos nossos clientes, amenizando o efeito da Selic - que não está sob nosso controle", explicou em nota o CFO (diretor financeiro) da AgroGalaxy, Mauricio Puliti.
No primeiro trimestre do ano passado, o CDI (que acompanha a Selic) estava em 10,5%, 3 pontos porcentuais abaixo dos atuais 13,7%.
A receita líquida total no primeiro trimestre de 2023 atingiu R$ 2,8 bilhões, 11,4% abaixo dos R$ 3,1 bilhões apurados nos três primeiros meses do ano passado. A receita de insumos diminuiu 7%, para R$ 1,6 bilhão, mas a participação das especialidades no bolo subiu para 8,2%, ante 5,3% no primeiro trimestre de 2022. A receita com bioinsumos aumentou 72% e alcançou R$ 65 milhões no trimestre.
O lucro bruto ajustado atingiu R$ 257 milhões, queda de 21% na comparação anual, com margem de 9,2% (contra 10,3% um ano atrás). O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado totalizou R$ 59 milhões, recuo de 55% ante o primeiro trimestre do ano passado, com margem de 2,1% (ante margem de 4,1% um ano antes).
Em release de resultados, a CEO da varejista de insumos, Sheilla Albuquerque, comenta que o cenário "desafiador" era esperado. "O primeiro trimestre do ano foi afetado por dois efeitos principais: queda nos preços de fertilizantes e herbicidas, com altos estoques de alguns produtos no setor, e o atraso da colheita e comercialização de soja em comparação aos quatro últimos ciclos. O primeiro ponto levou ao menor faturamento nesse segmento, acompanhado de queda de margens; o segundo, ao aumento do plantio de milho safrinha fora da janela e ao atraso no faturamento de grãos, com consequente deslocamento do recebimento de contas de insumos - que devem ocorrer no segundo trimestre", explica.
Parte da queda da receita com a venda de insumos se deve à redução de 6% do volume vendido no primeiro trimestre, na comparação anual, e à diminuição dos preços, de 0,8% na mesma base de comparação. Além disso, a margem de lucro obtida com a comercialização de insumos caiu 3,2 pontos porcentuais comparando os dois trimestres, de 18,3% para 15,1%.
O diretor vice-presidente da companhia, Fernando Manzeppi, diz que a companhia já iniciou o ano sem estoques de fertilizantes, apenas com algum estoque de defensivo para atender aos produtores em momentos em que há necessidade de pronta entrega. "Hoje, nosso estoque de defensivo é muito menor do que no começo do ano, já temos uma carteira muito maior do que nosso estoque, então nossa exposição em estoque não existe mais", afirmou.
Os estoques de fertilizantes e herbicidas da companhia haviam sido formados quando os preços desses insumos estavam mais altos, mas as vendas ocorreram posteriormente em um período de preços mais baixos. Os estoques mais recentes já vêm sendo formados com custos mais baixos, o que tende a ajudar a empresa a recompor suas margens.
"Com os novos custos de reposição (de estoques de insumos) e preços na ponta, olhando para a frente, a nossa carteira entra na normalidade histórica. Perdemos margem no primeiro trimestre e daqui para a frente voltamos a uma margem de normalidade", diz Manzeppi.
Segundo Puliti, no segmento de insumos uma margem "normal" seria ao redor de 18%.
Puliti lembrou que há sazonalidade nos resultados da companhia ao longo do ano. Em 2022, 68% do faturamento da empresa se concentrou no segundo semestre (27% no terceiro trimestre e 44% no quarto) e somente 32% no primeiro semestre. Na média do período de 2020 a 2022, 71% do faturamento da AgroGalaxy ocorreu no segundo semestre.
Pedidos
A carteira de pedidos da AgroGalaxy no fim do primeiro trimestre de 2023 somava R$ 2 bilhões, 41% menos do que em igual período de 2022, segundo release de resultados da companhia.
A queda, explica a varejista de insumos agrícolas, se deve ao recuo de preços em fertilizantes e herbicidas e ao adiamento de pedidos por parte de produtores, estimulados pela tendência de queda de preços em alguns segmentos de insumos.
O diretor vice-presidente da companhia, Fernando Manzeppi, explica que produtores que vêm adiando a compra de fertilizantes para a próxima safra terão de fazê-lo no segundo trimestre, de modo a receber o produto a tempo do plantio, a partir de setembro.
Isso porque a maior parte dos insumos para produção de adubos no País é importada e, além do tempo de importação, é preciso considerar também o prazo para as matérias-primas chegarem às unidades de mistura de fertilizantes e depois às regiões agrícolas.
Em release de resultados, a companhia informou que o número de clientes no primeiro trimestre de 2023 aumentou 28% em comparação a março de 2022, para 29.294, e que a receita de insumos por cliente nos últimos 12 meses encerrados em março deste ano cresceu 7,9%, para R$ 258 mil.
Fonte: ESTADÃO CONTEÚDO