05/08/2021 às 15h00min - Atualizada em 05/08/2021 às 15h00min

Mesmo com perspectiva de melhora na população ocupada, desemprego deve se manter alta no 2º semestre, diz FGV

Apesar da perspectiva de melhora em população ocupada no mercado de trabalho nos próximos meses, a taxa de desemprego deve se manter alta no segundo semestre. Esse é o entendimento de Rodolpho Tobler, economista da Fundação Getulio Vargas (FGV), ao comentar a alta de 1,6 ponto, a quarta consecutiva, no Indicador Antecedente de Emprego (IAEmp) de junho a julho, para 89,2 pontos, anunciada hoje pela fundação.

Embora o índice, com a elevação, tenha voltado a patamar pré-pandemia – ao registrar a maior pontuação desde fevereiro de 2020 (92 pontos) –, o desempenho não reflete necessariamente projeção de recuo na taxa de desemprego, afirmou o economista.

Ao falar sobre o atual cenário do mercado de trabalho, o especialista disse que o IAEmp em alta é influenciado principalmente pelo ritmo maior na vacinação contra a covid-19. Esse aspecto impacta favoravelmente a economia de serviços – mais afetada pela pandemia, devido à necessidade de restrições de circulação social para prevenir contaminação pela doença.

Com a imunização mais ágil, em comparação com o observado no primeiro semestre, diminuem-se as restrições, e as atividades de serviços voltam gradativamente a mostrar cadência mais próxima à do cenário pré-pandemia, afirmou ele. Como os serviços são intensivos em emprego, essa melhora pode conduzir à abertura de vagas, com impacto positivo na população ocupada, explicou Tobler.

Essa retomada também influencia os chamados desalentados, lembrou o técnico, que são os desempregados que não estão em busca de emprego. "Esses vão voltar a procurar trabalho, quando visualizarem melhora em população ocupada e vão pressionar [para cima] a taxa de desemprego", analisou o economista. "Acredito que a taxa de desemprego continue elevada ao longo de 2021", ponderou ele, contudo.

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Na prática, as condições mais favoráveis para o crescimento de população ocupada nos próximos meses foram fator determinante para a melhora do IAEmp, acrescentou o especialista. Ele não descartou que o indicador continue a subir ao longo do segundo semestre, devido à expectativa de continuidade de vacinação mais ágil contra a covid-19, graças à maior disponibilidade de vacinas prevista para o período.

Mas Tobler fez uma ressalva. É fundamental acompanhar a evolução da pandemia e seu impacto na trajetória do indicador. O especialista comentou que, caso ocorra piora em indicadores de casos e de mortes causados pela doença, podem ocorrer novas restrições de circulação social, o que afetaria a economia de serviços.

Ele lembrou o avanço recente no país da variante delta do coronavírus, que é mais transmissível. "No caso da pandemia, ainda temos alguns fatores que tornam o cenário muito incerto", reconheceu Tobler, ressaltando que a manutenção de trajetória ascendente do IAEmp depende de continuidade do atual quadro sanitário mais favorável.

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