São Paulo, 6 - A cooperativa Capal, que atua no Paraná e em São Paulo, vê um cenário cauteloso para o segmento de suínos em 2023. No ano passado, a produção e comercialização de carne suína da cooperativa recuou 3% em relação ao ano anterior. Neste ano, com a manutenção do elevado custo de produção e dos preços depreciados da carne suína, a cooperativa espera repetir o volume produzido em 2022, de 31.025 toneladas, e manter o faturamento estável. "A demanda ainda deve continuar difícil este ano, após um 2022 bastante desafiador. Não enxergamos melhora considerável no setor de carne suína neste ano. O crescimento não tão acelerado na economia brasileira deve afetar o consumo de carnes, além do mercado chinês que está um pouco mais travado. É um setor sensível à economia doméstica e às exportações para a China, que baliza os preços internos", disse o presidente executivo da Capal, Adilson Fuga, ao <i>Broadcast Agro, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado</i>. A cadeia agrícola representa 70% do faturamento da cooperativa, previsto no total de R$ 4,3 bilhões para 2023. Diante da conjuntura, a Capal pretende segurar investimentos no setor até o segmento voltar a apresentar sinais de crescimento, revela Fuga. Em 2022, a cooperativa aportou cerca de R$ 50 milhões para aumentar o grau de industrialização da proteína recebida dos produtores cooperados e assim agregar valor à carne suína até então vendida majoritariamente in natura. "O investimento foi para aumentar nossa capacidade de produção de embutidos de suínos, como salames, linguiças e copas, produtos de maior valor agregado. Em determinado momento de 2022, estimulamos até a redução de peso dos animais para segurar os volumes produzidos. Hoje, o alojamento voltou ao normal, mas sem previsão de novos investimentos até a retomada do aumento das vendas e do consumo", explicou Fuga. A Capal industrializa sua produção de carne suína por meio da Alegra Foods, que mantém juntamente com as cooperativas paranaenses Frísia e Castrolanda. Já na cadeia de lácteos, após dois anos de desaceleração no mercado, a Capal começa a vislumbrar um cenário positivo, apesar dos preços ao produtor ainda depreciados. Em janeiro, o volume de leite captado pela cooperativa foi 3,92% superior a igual mês do ano passado. A expectativa da cooperativa é de receber e comercializar volume de leite 6% maior neste ano, em torno de 145 milhões de litros ante os 137 milhões de litros recebidos dos produtores cooperados no ano passado (média de 375 mil litros por dia entregues à indústria). Fuga destaca que os últimos dois anos foram marcados por elevados custos de produção no setor, diminuição do consumo interno e menor margem de rentabilidade para o produtor. "O mercado está bastante abastecido e ainda não há expectativa de avanço forte nos preços", observou o presidente executivo da cooperativa.