PF justifica corte em vídeo de depoimento enviado à CPI da Covid

04/08/2021 18h00 - Atualizado em 04/08/2021 às 18h00

Em nota divulgada pela direção nacional, a Polícia Federal (PF) justificou cortes em vídeo que registrou depoimento do ex-ministro da Saúde general Eduardo Pazuello, tomado nos autos da investigação que apura suspeitas de ilícitos na compra da vacina Covaxin. No vídeo encaminhado à comissão, foram suprimidas as citações que Pazuello fez ao presidente Jair Bolsonaro e ao deputado Luis Miranda (DEM-DF) — o parlamentar alega que trocou mensagens por WhatsApp com Pazuello que demonstrariam a pressão política que o general sofria enquanto ocupou a pasta da Saúde.

“O alegado corte mencionado pela imprensa ocorreu em razão do término das perguntas pela autoridade policial. As alegações defensivas do depoente, embora não estejam gravadas, foram registradas por escrito e igualmente encaminhadas na íntegra”, alega a PF na nota encaminhada à imprensa.

Veja a íntegra do comunicado

“Sobre a divulgação pela imprensa de depoimentos prestados à Polícia Federal relativos a investigações em andamentos, a PF esclarece:

1 - No dia 2/8, foi encaminhada à Comissão Parlamentar de Inquérito – CPI da Pandemia a íntegra dos autos do inquérito que apura eventuais irregularidades na aquisição da vacina Covaxin. Foram também encaminhados os vídeos contendo os depoimentos de oito pessoas intimadas, todos sem qualquer edição;

2 - Na mesma data, a comissão parlamentar recebeu a cópia, também integral, do inquérito instaurado por determinação da ministra do Supremo Tribunal Federal Rosa Weber;

3 - O alegado corte mencionado pela imprensa ocorreu em razão do término das perguntas pela autoridade policial. As alegações defensivas do depoente, embora não estejam gravadas, foram registradas por escrito e igualmente encaminhadas na íntegra;

4 - Em obediência às disposições processuais penais e com o objetivo de resguardar o andamento das investigações, a Polícia Federal solicitou à comissão parlamentar o necessário sigilo das oitivas;

5 - A PF determinou abertura de investigação para apurar o vazamento dos inquéritos e depoimentos.”

Interferência

Relatos de suposta interferência política do governo Bolsonaro na PF têm aumentado desde que Sergio Moro deixou o Ministério da Justiça, em abril de 2020, alegando que o presidente tentou intervir na instituição para proteger familiares e amigos que eventualmente entrassem na alça de mira de investigações. O caso ensejou a instauração de inquérito policial no Supremo Tribunal Federal (STF). No dia 20 de julho, o relator da investigação, ministro Alexandre de Moraes, prorrogou a apuração pelo prazo de 90 dias. Oficialmente a PF tem negado interferências na sua atuação. O órgão é subordinado ao Poder Executivo.

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