A volatilidade marca o pregão na bolsa brasileira, que oscilou 2 mil pontos entre a pontuação máxima e mínima do dia, em meio ao comportamento errático das bolsas de Nova York, que alternam altas e baixas até o início da tarde, e à troca de sinais nas ações de Itaú e Petrobras. A queda dos papéis do Bradesco também pesam no Ibovespa, que é ajudado pelos ganhos firmes da Vale, aliviando parte da pressão.
Por volta das 15h, o Ibovespa oscilava em alta de 0,44%, aos 123.050 pontos, depois de recuar até os 120.807 pontos, na mínima do dia. Na máxima, o índice à vista subiu até os 122.915 pontos. No mesmo horário, em Nova York, os índices Dow Jones e S&P 500 tentam se firmar no azul, com +0,61% e +0,60%, nesta ordem.
O analista técnico da Ativa Investimentos, Lucas Xavier, explica que a bolsa brasileira está em uma zona de indefinição, que provoca movimentos exacerbados, com quedas muito fortes - como ocorreu na última sexta-feira - seguidas de repiques sem consistência - como visto ontem. O mesmo comportamento errático foi observado ao longo da manhã de hoje.
“O mercado está no modo ‘hoje sim’, ‘hoje não’”, ilustra. Xavier explica que a força compradora na renda variável doméstica perdeu tração no mês passado, sendo evidenciada pela saída de recursos externos no mercado secundário (ações listadas). “A tendência de baixa começou a se agravar mais no fim de julho, mas a China não foi o gatilho suficiente”, observa.
Para ele, a configuração mais “vendedora e baixista” da bolsa brasileira deve-se a fatores locais, relacionados aos riscos fiscais e ao entrave na agenda de reformas. Porém, o analista da Ativa explica que o que vem abrindo espaço para melhoras pontuais na bolsa local é o desempenho em Nova York, onde ainda não há uma pressão de venda.
Como contraponto, Xavier chama a atenção para a safra de balanços. “Os balanços tendem a vir muitos bons, mas não conseguem superar o risco político. É preciso haver uma definição se o Brasil vai mesmo se tornar próspero para sustentar os lucros para cima das empresas como estão sendo projetados”, explica.
No horário acima, Itaú Unibanco PN oscilava em alta de 0,13%, apagando totalmente a queda vista mais cedo e depois de subir mais de 2%, chegando a liderar o ranking de maiores altas. Com isso, a ausência de direção firme do Ibovespa é refletida no comportamento das blue chips (ações de maior peso).
Segundo a equipe da XP Investimentos, o balanço do Itaú mostrou uma melhora na qualidade geral, com a inadimplência abaixo do esperado, apoiando o desempenho melhor. Já o analista da Guide Investimentos, Luis Sales, chama a atenção para a presença maior na frente digital, além do aumento na receita com tarifas e gestão de ativos.
Ainda no setor financeiro, Bradesco PN recuava 0,34%, antes da dviulgação do balanço, após o fechamento do pregão local. Também entre as blue chips, Petrobras também inverteu o sinal e subia 0,51% e +0,61% nos papéis ON e PN. Vale ON sustentava ganhos firmes desde cedo e avançava 3,39%, figurando no topo do ranking de maiores altas.
A mineradora reage ao avanço no preço do minério de ferro negociado na China (Qingdao e Dalian). Bradespar PN (+3,21%), que tem participação acionária na mineradora, e as siderúrgicas pegam carona, com Gerdau PN (+1,79%). Na outra ponta, as perdas eram lideradas por Americanas ON (-4,37%), seguido por MRV ON (-4,03%) e Totvs ON (-3,84%).