Primeiro artigo do ano e aproveito para desejar um 2023 de muitas realizações, com bons negócios, saúde, felicidade e coragem. Sim, vamos precisar de muita firmeza e audácia para o que vem por aí.
Em torno da pecuária de corte é perceptível a pouca liquidez desde a última quinzena de dezembro do ano passado, cenário que apresentou redução a cada dia. O ano, com aprovação ou não, começa com um país de novo Governo. E há toda ordem de preocupação do mercado financeiro quanto ao alinhamento e gestão da economia brasileira. Este fator nos preocupa demais, pois acaba por influenciar toda a matriz econômica nacional, inclusive o agronegócio.
E que eles entendam: NÃO DÁ PARA COMER O BOLO ENQUANTO ELE ESTÁ NO FORNO. Vai dar errado...
E volto para pecuária pois uma medida lá na China deve reduzir os custos de internalização da carne bovina e de qualquer outro produto resfriado ou congelado que chegam até o país asiático. Depois de dois anos, os chineses vão parar no próximo dia 8 de janeiro de realizar testes de desinfecção de alimentos para o Covid-19. A confirmação é vista com bons olhos pelos exportadores brasileiros.
Na esteira do assunto internacional, com abordagem ainda 2022 (para posteriormente não voltarmos ao tema) o fato é que a consolidação das exportações de carne bovina para a China (falei disso no artigo da última semana) trouxe uma expressiva expansão no volume e na receita do produto brasileiro embarcado. Em volume se atingiu 2,2 milhões de toneladas para todos os destinos (+24%) e faturado pela indústria frigorífica exportadora a quantia de US$ 11,8 bilhões. São bem intensos os números.
Como escrevemos durante boa parte do ano de 2022, a contenção de fêmeas dos últimos anos, ocasionando a mudança de ciclo pecuário; a estratégia (como não?) da indústria frigorífica não-exportadora e da exportadora também e, devo dizer, a estratégia e a dura aplicação do grande comércio varejista brasileiro, que buscou recompor as margens perdidas em 2020 e 2021 (Sim! Já havia afirmado durante 2022 e reafirmo que os preços ao consumidor final brasileiro poderiam ser mais acessíveis no último ano, se não fosse o comportamento do varejo, independente dos apontamentos do mercado atacadista e demais elos da cadeia produtiva da carne bovina). Varejo de carne bovina é um tema que tenho alguma intimidade, tendo trabalhado em dissertação de mestrado. Por isso, afirmo sem nenhum receio o ocorrido. É fato.
O resultado foi o já apresentado em partes, agora e nos últimos meses: faturamento bilionário das exportações (em US$), a provável recomposição das margens do grande varejo brasileiro; frustração de consumo por parte do consumidor final brasileiro e preços em queda para arroba do boi generalizado no país.
Um fator importante e que eu citava em algum texto publicado em setembro, quando esquentava a campanha eleitoral e, o agora presidente prometeu garantir o consumo interno de carne bovina limitando as exportações (estou certo que foi um arroubo e alguém o corrigiu). No texto, eu explicava que a produção, consumida internamente, tem o seu custo reduzido exatamente pelo produto que é exportado. Basicamente, exportar e conseguir melhores preços para qualquer produto, melhora a rentabilidade de quem produz. E, neste ritmo de conversa, posso seguir e fazer uma nova afirmação: a forma de garantir melhor oferta doméstica de carne bovina, com preços mais acessíveis, passa por uma produção mais elevada (fato que ocorreu no Brasil em 2022) e também da atuação dos elos da cadeia produtiva da carne bovina.
Do ponto de vista de reordenamento dos negócios, temos (como esperado) um mercado lento e com pouca liquidez para o boi gordo. Há um abastecimento considerável de carne bovina no mercado interno e, tanto quem produz, quanto que compra e industrializa, sabe que teremos um volume ainda maior de fêmeas para abate. A expectativa desta confirmação deve mover mercado e suas negociações neste começo de ano.
