Passado o forte estresse que dominou o humor dos mercados locais no fim da semana passada, o dólar encerrou os negócios desta segunda-feira em queda de 0,85%, negociado a R$ 5,1652 no mercado à vista. O rumo da taxa básica de juros e a perspectiva de fluxo com ofertas públicas iniciais (IPOs) deram apoio ao real, sustentado, ainda, por um cenário externo mais positivo. O dólar, porém, se afastou das mínimas do dia após dados abaixo do esperado da balança comercial de julho e com os ruídos políticos aindano radar.
A disparada do dólar na sexta-feira diante dos ruídos envolvendo um drible ao teto de gastos e o pagamento de precatórios foi parcialmente revertida neste início de semana. No embalo de um cenário externo positivo, o mercado de câmbio embarcou em um dia de forte valorização do real, no momento em que a perspectiva de fluxo continua sobre a mesa, tendo em vista que se aproxima o IPO da Raízen, e em que o carry trade também se mostra mais atrativo diante da possibilidade de um discurso mais duro do Banco Central nesta semana.
Hoje, UBS BB e Ativa Investimentos se juntaram ao grupo de instituições financeiras que esperam uma elevação de 1 ponto percentual na Selic nesta quarta-feira. Além disso, o UBS BB passou a projetar que a taxa encerrará o atual ciclo de aperto em 8%, enquanto a corretora elevou sua estimativa para a Selic no fim do ano de 6,5% para 7,5%. As duas casas, portanto, acreditam que o juro básico terminará o ciclo em nível restritivo - visão que tem ganhado cada vez mais adeptos.
Com esse cenário, o dólar chegou a cair a R$ 5,1142 na mínima do dia, mas encerrou o dia afastado dessa marca. Ao longo da tarde, a moeda americana ganhou um pouco de força, especialmente após a divulgação da balança comercial, que anotou superávit de US$ 7,395 bilhões em julho, enquanto o consenso do mercado apontava para um saldo positivo maior, de cerca de US$ 9 bilhões.
Além disso, as incertezas políticas que têm se acumulado recentemente contribuíram para retirar o dólar das mínimas do dia. Em carta referente a julho, os gestores da Occam notam que a percepção sobre o risco fiscal voltou a se elevar no mês passado. “A proximidade da divulgação do novo programa social do governo, a redução na estimativa do espaço disponível no teto de gastos e a notícia de forte aumento da despesa com precatórios elevam as incertezas sobre o Orçamento do próximo ano”, pontuam. Ao mesmo tempo, a Occam observa que a percepção sobre a inflação “continuou deteriorando” e o mercado passou a incorporar maior disseminação de preços.
A gestora aponta, adicionalmente, que o real reverteu a expressiva valorização de junho e se depreciou em linha com a maior parte das moedas no mês passado, ao mesmo tempo em que o Banco Central voltou a intervir de maneira pontual no mercado. “Continuamos operando de maneira tática e, portanto, sem posições expressivas tanto no portfólio doméstico quanto no internacional”, afirmam os gestores da Occam.