05/12/2022 às 09h09min - Atualizada em 05/12/2022 às 10h50min

Preços dos principais produtos agropecuários brasileiros perdem força no 3º trimestre

O terceiro trimestre de 2022 foi de desaceleração dos preços dos produtos agrícolas. É o que mostra pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP). Eles emitiram uma nota púbica chamada Preços e Mercados Agropecuários.

A análise é fruto do acompanhamento dos preços domésticos e internacionais, além do balanço de oferta e demanda dos principais produtos agropecuários brasileiros, referentes às safras 2021-2022 e 2022-2023.

Alguns fatores estão contribuindo para a queda recente dos preços do setor. Eles estiveram em trajetória de alta desde 2020, intensificada com o conflito na Ucrânia. Dentre eles, se destaca a expectativa de aumento da oferta de diversos produtos.

O Brasil, que é um importante produtor no mercado internacional, vai contribuir na safra 2022/2023, particularmente com a soja, que tem crescimento previsto de 22,3% em grão, 5,3% no farelo e 5,3% no óleo na comparação com a safra anterior. Milho deve crescer 12%, o algodão 16,7% e o café 5,6%. O trigo, principal produto da pauta de importação do país, deve fechar a safra de inverno de 2022 com alta de 23,7% na produção frente à safra do ano passado.

A maior disponibilidade dessas commodities tem contribuído também para a recomposição dos estoques de passagem, que vinham caindo desde o início das políticas de isolamento social estabelecidas, devido à pandemia de Covid-19.

Segundo a pesquisadora do Cepea e professora da Esalq/USP, Nicole Rennó, “no final do ano, o cenário de preços agropecuários mais elevados frente a 2021 vai se consolidando entre todos os produtos acompanhados. Isso não se verificou apenas para o milho, o arroz e a carne suína. No entanto, entre o segundo e o terceiro trimestres do ano, em geral, as cotações dos produtos agrícolas caíram, enquanto os pecuários subiram. As valorizações observadas na pecuária (com exceção do boi gordo) refletiram, em geral, o aumento da demanda característico para o período".

A pesquisadora associada do Ipea é uma das coordenadoras da publicação. Ana Cecília Kreter ressalta que as cotações internacionais impactam o preço doméstico. O Brasil exporta boa parte dessas commodities. "Como o país é competitivo e um dos principais players no mercado internacional para a maior parte das commodities agropecuárias, o aumento da demanda internacional implica na elevação dos embarques, vide a China”, declara.

De fato, a China, que é o maior importador de commodities agropecuárias do mundo, além de ser o principal destino dos embarques brasileiros, tem sido uma das responsáveis pelo aumento do preço internacional do boi gordo. Essa commodity foi a única a registrar aumento contínuo até outubro deste ano e segue tendência de alta desde 2005, com oscilações cíclicas, mas sempre renovando as máximas históricas. Além da maior demanda, a produção passou por um período de recomposição de rebanho nos principais países produtores, o que impactou a oferta.

Da Redação, com Conab.

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