14/10/2022 às 10h55min - Atualizada em 14/10/2022 às 12h27min

Nova DEP do Nelore Mocho está afinada com o bem-estar animal

A DEP (diferença esperada na média das progênies) genômica para caráter mocho na raça Nelore fornece informações na tomada de decisão dos acasalamentos, auxiliando na valorização dos animais, além de aprimorar o controle genético dessa característica em rebanhos mochados, sobretudo em matrizes.

Os resultados preliminares sobre essa nova ferramenta foram apresentados dia 5 de outubro, em reunião virtual, com a participação de criadores e gerentes de fazendas afiliadas à Associação Nacional de Criadores e Pesquisadores (ANCP).

Segundo Fernando Baldi, diretor de Pesquisa e Inovação da ANCP, a melhora no bem-estar animal é um dos principais benefícios dessa tecnologia, pois não há necessidade de desmochar ou descornar o gado.

“Além disso, há maior segurança para o colaborador ou pessoal de campo, redução de problemas de hematomas nas carcaças originados pelos chifres, assim como a possibilidade de melhor valorização dos cruzados (F1 Angus x Nelore) para abate, pois alguns programas de certificação não admitem animais com chifre”, enumera outras vantagens.

Baldi conta que a pesquisa analisou cerca de 6 mil dados fenotípicos de animais mocho dos criatórios Nelore Mocho CV e Marca OB cadastrados na base de dados da ANCP, nas variedades mocho, mocho heterozigoto, batoque ou calo e padrão. Também foram avaliados mais de 21 mil genótipos de animais mochos e aproximadamente 50 mil animais no pedigree.  “A DEP alcançou previsibilidade do fenótipo com acurácia acima de 90%”, relata.

De acordo com o pesquisador, há no mercado vários marcadores genéticos para ausência ou presença de chifres nas raças taurinas. “No caso dos zebuínos, algumas empresas começaram a desenvolver esses marcadores, porém, em razão de sua aplicabilidade muito restrita em termos comerciais, os trabalhos não avançaram”, conta.

Na opinião de Baldi, a nova ferramenta é um marco significativo para a raça. “A partir de agora, o Nelore Mocho poderá acelerar ainda mais seu ganho genético, sendo possível a utilização de uma maior quantidade de touros na seleção”, avalia.

 Ele acrescenta que as poucas informações sobre as raças zebuínas indicam que os genes que influenciam a característica mocho são diferentes nos taurinos. “Quando se incluem as variantes calo e batoque, os mecanismos de herança tornam-se ainda mais complicados para se desenvolver um painel de marcadores, considerando essas variações fenotípicas”, ressalta.

Conforme explica Baldi, assim como a genômica, tecnologias reprodutivas, como a inseminação em tempo fixo (IATF) e fertilização in vitro (FIV), permitem acelerar o ganho genético dos rebanhos selecionadores, identificando precocemente animais com maior potencial produtivo e multiplicando os mesmos de forma mais acelerada.

“Consequentemente, essas tecnologias contribuem para aumentar a produtividade dos rebanhos comerciais, diminuindo o ciclo de produção, melhorando a fertilidade do rebanho e a eficiência de produção, reduzindo o impacto da produção de carne no ambiente, além de padronizar e aprimorar a qualidade da carne produzida nos trópicos”, detalha o especialista.

Baldi menciona outras pesquisas em andamento, como a avaliação genômica multirracial em raças zebuínas, um projeto financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), com o intuito de melhorar os resultados da seleção genômica nas raças de menor expressão numérica.

“O desenvolvimento de novas DEPs genômicas, como a DEP para facilidade de parto em novilhas precoces, assim como a DEP para lucratividade no confinamento, é feita em parceria com a empresa @Tech”, informa o diretor de Pesquisa e Inovação da ANCP.

 

 

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