São Paulo, 7 - O Índice de Preços de Alimentos da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) teve uma média de 136,3 pontos em setembro, queda de 1,5 pontos (1,1%) ante agosto, mas ainda 7,2 pontos (5,5%) acima do nível do mesmo período do ano passado. Segundo a FAO, a queda está associada à baixa expressiva dos óleos vegetais e no recuo moderado do açúcar, das carnes e dos laticínios, que compensaram uma recuperação no subíndice dos preços dos cereais. É o sexto mês consecutivo que o índice registra queda. O subíndice de preços dos cereais teve média de 147,8 pontos em setembro, aumento de 2,2 pontos (1,5%) em relação a agosto e 14,9 pontos (11,2%) acima de seu valor de setembro de 2021. Os preços internacionais dos grãos subiram 0,4% em setembro,com tendências distintas. De acordo com a organização, o trigo teve recuperação de 2,2%, sustentado pela incerteza sobre a continuação do acordo do corredor de grãos. As cotações do cereal foram impulsionadas ainda pelas condições de seca na Argentina e nos EUA e pela maior demanda da União Europeia. Os preços do milho ficaram quase estáveis. Ainda assim, eles subiram 0,2%, com o fortalecimento do dólar impedindo uma maior alta em meio a uma perspectiva de oferta mais apertada. Por outro lado, os preços globais da cevada caíram 3%, enquanto o sorgo teve aumento de 13,2%. O levantamento mensal da FAO apontou que o subíndice de preços dos Óleos Vegetais teve média de 152,6 pontos em setembro, queda mensal de 10,8 pontos (6,6%), marcando o nível mais baixo desde fevereiro de 2021. O movimento acompanhou o recuo nos preços dos óleos de soja, palma, colza e girassol. As cotações internacionais do óleo de palma recuaram pelo sexto mês consecutivo em setembro, por causa dos maiores estoques e aumento na produção no Sudeste Asiático, explicou o relatório. As cotações do óleo de soja registraram queda moderada, após uma recuperação de curta duração em agosto, em resposta às elevadas ofertas de exportação na Argentina. Quanto ao óleo de girassol, os preços internacionais caíram para uma mínima de 14 meses em virtude do aumento da oferta de exportação da região do Mar Negro em meio à demanda de importação moderada. O óleo de colza registrou queda acentuada com a produção abundante da safra 2022/23. Na sondagem mensal da FAO, o subíndice de preços das carnes caiu em agosto. Conforme a FAO, os preços das carnes tiveram média de 121,4 pontos em setembro, com queda de 0,6 pontos (0,5% abaixo em relação a agosto), marcando o terceiro declínio mensal após uma alta recorde em junho de 2022, mas se mantendo 8,7 pontos (7,7%) acima do mesmo período no ano anterior. Segundo a entidade, as cotações de preços da carne bovina caíram em virtude das altas disponibilidades de exportação do Brasil e da elevada liquidação de gado em alguns países produtores. Em compensação, as cotações da carne suína subiram ainda mais, refletindo o déficit de oferta de suínos prontos para abate na União Europeia. Os preços internacionais da carne de aves tiveram uma queda relacionada a compras mundiais moderadas em um ambiente de "oferta restrita de exportação de alguns grandes países exportadores, em meio a surtos de gripe aviária", afirmou o relatório. O subíndice de preços de Laticínios, por sua vez, registrou média de 142,5 pontos em agosto, queda de 0,8 pontos (0,6%) em relação a agosto. Apesar de essa ser sua terceira baixa consecutiva, a média, porém, é 24,4 pontos (20,7%) acima do seu valor no mês correspondente ao ano passado. Segundo a FAO, em setembro, os preços internacionais de todos os produtos lácteos caíram moderadamente, refletindo em grande parte o impacto do euro mais fraco em relação ao dólar dos Estados Unidos nos preços mundiais dos lácteos (expressos em dólares norte-americanos). Também refletiram nas cotações a demanda limitada por entregas de médio prazo, os altos custos de energia e a escassez de mão de obra, especialmente na Europa. A FAO calculou, ainda, que o subíndice de preços do açúcar ficou, em média, 109,7 pontos em setembro, queda de 0,8 pontos (0,7%) em relação a agosto, marcando a quinta queda mensal consecutiva e atingindo seu nível mais baixo desde julho de 2021. "A queda de setembro foi principalmente relacionada às boas perspectivas de produção no Brasil, o maior exportador do mundo, com as chuvas beneficiando o rendimento das lavouras e os preços mais baixos do etanol, levando a um maior uso da cana-de-açúcar para produzir açúcar", concluiu a FAO, ressaltando que uma perspectiva de oferta mais apertada limitou as perdas.