30/07/2021 às 16h00min - Atualizada em 30/07/2021 às 16h00min

Ibovespa recua mais e perde os 123 mil pontos com Vale e risco fiscal

O Ibovespa acelerou as perdas nesta tarde de sexta-feira e opera em queda firme, pressionado por uma conjunção de fatores que reduzem a demanda por ativos risco dos investidores. Entre eles, a queda nos preços do minério, que derruba os papéis da Vale, os riscos fiscais, que voltaram a ficar em evidência com as falas do ministro Paulo Guedes, e as aparentes dificuldades para a retomada do crescimento econômico são apontadas por profissionais do mercado como motivos para o humor negativo nesta sexta-feira.

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Perto de 15h50, o Ibovespa cedia 2,71%, aos 122.263 pontos, após mínima em 121.977 pontos e máxima em 125.673 pontos. O volume financeiro estava perto de R$ 16 bilhões, projetando giro de mais de R$ 30 bilhões até o fim do dia. Porém, operadores das mesas de renda variável lembram que hoje é o último pregão do mês, com os ajustes de carteiras devendo inflar o volume. Com isso, o Ibovespa intensificou as perdas no mês para quase 4%, caminhando para o pior desempenho mensal desde fevereiro (-4,37%), e reduzindo a valorização no ano para cerca de 2,5%.

No mesmo horário, as ações da Vale ON registravam baixa de 4,65%, pressionadas pelo tombo observado nos preços do minério de ferro.

Em Nova York, o Dow Jones recuava 0,49% e o S&P 500 perdia 0,55%.

Para Rodrigo Franchini, sócio da Monte Bravo Investimentos, o mercado começa a olhar para vários desafios que o Brasil tem que enfrentar no curto prazo. "O cenário econômico ainda é desafiador. A Pnad não mostrou melhora grande, apesar dos dados do Caged de ontem, e não notamos uma melhora substancial no emprego. Além disso, o Copom deve subir os juros em 100 pontos-base", afirma, acrescentando que o cenário externo também contribui para o mau humor na sessão de hoje.

Ainda, a declaração do ministro da Economia, Paulo Guedes, de que existe "fumaça no ar" sobre possíveis despesas extraordinárias contribuiu para a piora do humor na sessão. Franchini aponta que a questão fiscal sempre é um problema no radar, mas que a perspectiva de aumento de juros torna a questão do aumento de gastos ainda mais crítica.

"Quando você fala que vai 'ver como encaixar' novos gastos, está na cara que você não sabe como fazer. Isso vai aumentar a dívida e, é claro, alguém vai pagar isso. Estamos saindo de um ano que você saiu de uma taxa de juros de 2% e estamos indo para 6,5%, o que representa um custo enorme de aumento da dívida", afirma.

"Quando você coloca essa perspectiva na ponta do lápis e uma fala como essa surge, está na cara que o mercado não vai gostar nem um pouco", diz.

Para o chefe de renda variável da Valor Investimentos, Romero Oliveira, o sentimento de cautela com a China que contamina os mercados emergentes, é potencializado pelo cenário político local. “Houve um agravamento dos ruídos políticos e das questões inflacionárias, além do risco fiscal e do rompimento do teto dos gastos, por causa das despesas com o Bolsa Famíllia”, enumera.

Para ele, o noticiário vindo de Brasília provoca uma “correção” nos preços dos ativos domésticos, em meio à busca por proteção.

Graficamente, a Itaú Corretora destaca que a perda da importante região em 124,3 mil pontos confirma o movimento de queda em direção à média móvel de 200 dias (MM200), ao redor dos 115 mil pontos. Tanto que o movimento de hoje caminha em direção ao primeiro suporte intermediário antes da MM200, em 121,5 mil pontos.

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