27/09/2022 às 11h47min - Atualizada em 27/09/2022 às 11h48min

Pressão segue na arroba do boi gordo, mas cenário deve mudar a partir de 13 de outubro

A última semana de setembro para o pecuarista, infelizmente, segue sem mudanças e com aquela previsão pessimista, mas fundamentada, de maior pressão no preço na arroba do boi gordo confirmada. Neste artigo tratamos da pressão agora exercida, dos fundamentos do mercado e de como e com quais elementos o produtor rural pode se reposicionar.

Esta última segunda-feira (segunda é sempre um dia complicado e de tendência a poucos negócios) teve um reinício difícil, com a indústria ofertando menos pela arroba do boi gordo. A cotação para o boi China chegou a ter ofertas R$5 abaixo da referência de sexta-feira, no geral um recuo de R$2 e o principal argumento para as cotações menores estão na expectativa de uma redução (natural e esperada) para as compras de carne bovina pela China junto ao setor industrial exportador nos últimos meses do ano.

Trata-se de um negócio que estava favorável para quase todos os elos há 10, 12 e 15 meses. Neste momento está bem claro e melhor para a indústria frigorífica exportadora. No acumulado do ano as receitas com exportações mostram somas bem mais expressivas que no mesmo período do ano passado, a análise mensal mostra evolução do valor da tonelada (em Dólar) embarcada. Por aqui, na relação comercial (compra e venda) de gado pronto para o abate, os preços dos animais recuaram. O elo da indústria soube usar bem o momento para dar folga em suas escalas, este cenário já perdura por meses e temos visto o resultado.

Nesta última segunda-feira, a Secex – Secretaria de Comércio Exterior, divulgou mais um documento que sustenta o que estamos falando. As exportações de carne bovina fresca, refrigerada e congelada até o dia 23 de setembro, ou 21 dias úteis do mês, somaram 155 mil toneladas embarcadas. O recorde para setembro ocorreu em 2021, com 187 mil toneladas. Contudo, se considerarmos a média diária exportada de 9,69 mil toneladas e cinco dias da semana atual, podemos ver os números alcançando e ultrapassando, mais uma vez no ano, as 200 mil toneladas embarcadas em um único mês.

Mas falei em receitas, enquanto a média diária de faturamento da indústria frigorífica exportadora está em explosivos US$57.953 bilhões, 12,5% acima da média de 2021. Também o valor da tonelada está mais alto, em US$5,98 milhões (+3,3%) acima da marca de setembro do último ano. Basicamente, a receita até sexta-feira passada (dia 23) estava em US$927,251 milhões e deve bater facilmente a marca de US$1,082 bilhão do último ano.

E como a indústria tem conseguido argumentos para pressionar os preços?

Primeiro, as escalas seguem altas. Em segundo (falo disso toda semana) o consumo interno não reage. Em terceiro, a China tem um grande feriado na próxima semana, entre os dias 1 e 7 de outubro e fica fora do mercado. Além disso, o ano novo chinês é em janeiro. Penso que os atores do mercado já precificaram o cenário e travaram seus negócios, antes e depois deste período. Arrisco a afirmar que nestes volumes estão também os estoques para a China passar o seu “Ano Novo Chinês”. Basicamente, grandes embarques mensais, somas elevadas para compensar os sete dias de outubro e o mês de janeiro.

Também, os volumes embarcados agora e que serão embarcados em outubro são resultados de contratos acertados há bastante tempo, o volume acordado de novos negócios é muito pequeno para novembro e dezembro. Mais uma vez arrisco a fazer uma comparação usando o comportamento da indústria, houve um esforço grande para fechar as escalas de setembro e até outubro. A China deve reduzir ou já reduziu o ritmo (movimento natural) na ação de compras para o último trimestre. E neste aspecto sempre lembro: “o mercado consumidor de carne bovina brasileiro é um dos mais importantes do mundo”. No momento a população do país segue com um poder de compra baixo. Por outro lado, considerando as medidas governamentais no Brasil elas têm conseguido colocar mais recurso financeiro para a população, seja através da redução de imposto e tributos ou ainda através dos programas sociais.

Também devo lembrar:

- Os animais de confinamento já foram ou estão comprometidos;

- A chuva chegou antes, facilita a ação e atividade extensiva no campo;

- O farelo de soja está com preços disparados na China e o custo de produção de suíno lá tem alta acumulada de 40% no ano.

Por fim, alguma pressão da indústria nesta e na próxima semana são prováveis. Por outro lado, em breve devemos voltar a ver a arroba do boi gordo voltar a subir. Não será (provavelmente) um último trimestre de recordes de preços, mas de alguma recuperação.

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