São Paulo, 6 - Pesquisadores no remoto deserto da Puna, na Argentina, descobriram micróbios (extremófilos) que tornam possível o crescimento de plantas em solo degradado, além de aumentarem em 9% a 13% a produtividade em solo fértil, podendo substituir fertilizantes sintéticos. Com base nesse conhecimento, a empresa Puna Bio levantou US$ 3,7 milhões para lançar comercialmente seu primeiro produto para soja na Argentina, uma alternativa competitiva com soluções biológicas já existentes, além de expandir testes para trigo e milho em busca da aprovação regulatória nos Estados Unidos e no Brasil. A rodada foi liderada pela At One Ventures e Builders VC, com participação da SP Ventures, e Air Capital, além do follow-on dos investidores da rodada anterior: IndieBio (SOSV), Glocal e Grid Exponential. A equipe fundadora da Puna Bio descobriu e estudou por mais de 20 anos a vida na Puna, um local de muita altitude, cheio de salinas, vulcões ativos e um solo desértico. "La Puna" é o deserto mais alto e seco da Terra, com um quinto das chuvas do Vale da Morte. No entanto, mesmo sob essas condições extremas de solo degradado, ácido, irradiado por raios ultravioletas (UV) e salinizado, existem organismos de 3,5 bilhões de anos que não apenas sobreviveram, mas prosperaram nessas condições. "Olhando para as propriedades genômicas das bactérias desse ambiente extremo - que se assemelha à Terra primitiva, ou mesmo Marte -, podemos entender como genes específicos fazem com que as plantas superem estas condições de estresse", disse no comunicado a cofundadora e CRO María Eugenia Farías, que estudou a Puna por 20 anos e publicou mais de 100 artigos sobre o tema.