28/07/2021 às 20h00min - Atualizada em 28/07/2021 às 20h00min

Ibovespa retoma os 126 mil pontos com apoio de balanços e Fed

Os ventos favoráveis do cenário externo e dos resultados corporativos das empresas brasileiras ajudaram o Ibovespa a anotar alta firme no pregão desta quarta-feira, retomando a marca dos 126 mil pontos e apagando a totalidade das perdas acumuladas na semana. O principal índice da Bolsa local fechou em alta de 1,34%, aos 126.285,59 pontos. O volume financeiro foi de R$ 24,105 bilhões, em linha com a média anual.

Com um pregão mais tranquilo na Ásia, depois de um início de semana turbulento devido aos receios de intervenção do governo chinês no setor privado, as expectativas positivas para os balanços de companhias locais deram o tom dos negócios nesta quarta-feira.

Após o Santander reportar seus resultados ontem, agentes financeiros esperam uma temporada forte para os demais bancos brasileiros. O cenário soma-se ainda à perspectiva de que o Banco Central deve mesmo apertar o passo na intensidade das altas dos juros básicos no país, outro fator positivo para as ações das instituições financeiras.

Assim, os ganhos dentro do setor foram amplos e as ações do Itaú PN fecharam o dia em valorização de 3,25%, acompanhadas pelas altas de 2,34% nos papéis PN do Bradesco, 1,48% do Banco do Brasil ON e 1,04% nas Units do Santander.

Já as ações da Vale ON subiram 2,73% hoje, antes da divulgação dos resultados do segundo trimestre. O movimento ocorreu mesmo com a queda observada nas ações da CSN ON, que recuaram 2,79%, na esteira de seus lucros trimestrais.

"A CSN reportou bons resultados, mas, de certa forma, o mercado já esperava. Agora, como reflexo disso, a gente viu um movimento de migração para Vale, na expectativa de divulgação de proventos ou até mesmo um resultado acima do que o mercado espera para o dia de hoje", afirmou o analista da Guide, Henrique Esteter.

A parte final do pregão ainda foi marcada pela decisão do Federal Reserve (Fed), que indicou em seu comunicado que a economia teve progressos em direção às metas de emprego e inflação da instituição e que a discussão sobre o início da redução de estímulos monetários no país deve continuar nos próximos meses.

Na visão do sócio-fundador da Novus Capital, Luiz Eduardo Portella, a mudança na linguagem do banco central representa mais um passo em direção à redução de estímulos no fim do ano, ainda que não tenha indicado nenhuma alteração no cronograma para o início do "tapering".

"O Fed reconheceu a melhora na economia e deu mais um passo em direção ao tapering", afirmou. Segundo ele, o anúncio deve ocorrer com alguma antecedência, na reunião de setembro, e, o início formal da redução de estímulos, nos encontros das autoridades do Fed de novembro ou de dezembro.

No entanto, o presidente do Federal Reserve (Fed) ressaltou que ainda há algum caminho a percorrer no mercado de trabalho para atender aos critérios do início da redução de estímulos.

"Semana que vem o payroll vai ser muito importante. A inflação já teve o seu progresso substancial, mas ainda falta o emprego. Talvez o dado de julho não seja forte o suficiente, mas agosto e setembro, principalmente, devem ser, o que deve fazer com que os membros do Fed tenham informação suficiente para anunciar o tapering", afirmou.

Portella também diz que o mercado vinha adotando uma cautela maior diante da reunião do Federal Reserve, cenário que foi revertido após a decisão em linha com a esperada.

"Nessa noite as coisas ficaram melhores na Ásia, mas todo mundo queria esperar o Fed para ver se vinha algo diferente. Além do passo para o tapering, o banco central passou confiança em relação à melhora da economia, e assim os ativos de risco acabaram performando bem.”

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