A temporada de balanços dá o tom da bolsa brasileira e sustenta o Ibovespa no campo positivo, enquanto os índices acionários em Nova York operam sem rumo comum após a decisão do Federal Reserve (Fed, banco central americano). Os ganhos firmes das ações da Vale e dos bancos, em meio à expectativa por resultados trimestrais robustos, dão ritmo aos negócios locais. Ainda assim, o fôlego de alta é curto, sem forças para reaver a faixa dos 126 mil pontos.
Às 15h33, o Ibovespa subia 1,29%, aos 126.220 pontos, depois de ir até os 126.273 pontos, na máxima até então. O índice à vista oscilou em baixa logo após a abertura do pregão. O volume financeiro somava R$ 16,3 bilhões, projetando giro de R$ 30 bilhões até o fim do dia. Em Nova York, os índices Dow Jones e S&P 500 tinham leves oscilações, com queda de 0,29% e alta de 0,11%, respectivamente.
Operadores das mesas de renda variável afirmam que as instituições financeiras cujo perfil de clientes é majoritariamente estrangeiro atuam de forma equilibrada nas duas pontas (compradora e vendedora). Porém, eles observam que as ordens de negócios estão concentradas nas ações da Vale e dos bancos, o que ajuda a sustentar o Ibovespa no azul.
Vale ON avançava 2,72%, em meio à expectativa pelo resultado trimestral, após o fechamento do pregão. Para a equipe de analistas da XP Investimentos, o balanço da mineradora deve vir robusto, por causa dos preços mais elevados do minério de ferro. O preço da commodity, aliás, inflou o lucro da CSN no período, saltando mais de 1.000%, para quase R$ 5 bilhões.
Contudo, CSN ON figurava no ranking de maiores baixas, com 2,26% de recuo, realizando lucros. Também na lista negativa, apareciam as empresas de supermercados Assai ON (-2,76%) e Carrefour ON (-1,41%), reagindo aos números financeiro no trimestre passado, que trouxe como destaque o segmento de “atacarejo”. Na outra ponta, WEG ON liderava a lista positiva, com 7,24% de valorização, reagindo à alta de 120% no lucro entre abril e junho deste ano.
Ainda em torno da safra de balanços, Santander Units recua 0,27%, digerindo o resultado trimestral e troca de comando na unidade nacional do banco estrangeiro. Em direção oposta, Bradesco PN subia 2,63% e Itaú Unibanco PN ganhava 4,33%, em meio à expectativa por resultados robustos e à perspectiva de aperto monetário maior por parte do Banco Central. Aliás, a cisão da participação do Itaú na XP pelo BC ainda ecoa no papel.
Porém, o analista da Guide Investimentos Luís Sales avalia que dificilmente o mercado acionário doméstico conseguirá se descolar do ambiente externo por causa da temporada de balanços e da perspectiva de retomada da atividade local. “Os resultados ajudam em parte alguns setores, mas não é tão relevante porque o segundo trimestre de 2021 já ficou meio longe. Para as ações andarem, é preciso observar os dados econômicos”, conclui.