Em audiência da Comissão de Defesa do Consumidor, o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, disse que as previsões de instituições financeiras projetam crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 1,5% a 2% em 2022 – a previsão atual é de 1% de crescimento – e apresentou as perspectivas da autoridade monetária para juros e inflação no país.
“A gente tem visto revisões para cima no PIB brasileiro. O Brasil é um dos poucos países que tiveram revisão do PIB para cima. Já ouvimos muita gente falar em crescimento de 1,5% e 2%”, disse Campos Neto que também citou a reação nos setores de serviços, de comércio e em parte da indústria como indicativo da recuperação.
Campos Neto voltou a dizer que a pandemia de covid-19 resultou em aumento na demanda por bens, tendência que se manteve mesmo após a retomada das atividades no país. Somado a uma maior demanda por energia, com manutenção de um baixo investimento no setor, isso ajudou na manutenção da inflação global, afirmou.
Como forma de enfrentar a persistência da inflação, os diferentes bancos centrais começaram a subir a taxa de juros. Campos Neto lamentou a alta das taxas e disse que o ciclo de aumento da Selic está perto do fim.
“O mundo começa a subir os juros, e o Brasil foi bem na frente. Subiu os juros bem, foi um dos primeiros países a dizer publicamente que entendia que o problema da inflação seria mais persistente”, afirmou o presidente do BC.
“Muitos países ainda estão com juros reais negativos. Por isso, o mercado ainda espera que os países desenvolvidos subam muito os juros nos próximos meses”, acrescentou.
Desemprego
Ao comentar os dados sobre a taxa de desemprego de 10,5% no trimestre, divulgados nesta terça-feira pelo IBGE, manifestou surpresa e disse esperar que, até o fim do ano, o percentual fique abaixo de dois dígitos.
“Foi uma surpresa bastante positiva. Em termos de taxa de desocupação, quando a gente olha o trimestre, deu 10,5%. A gente está começando a falar que o desemprego este ano vai ser abaixo de dois dígitos. Lembrando que antes da pandemia, estava em 12%, então a gente já está em um nível bem melhor do que antes da pandemia”, afirmou.
Apesar de ter registrado queda no desemprego, o IBGE também apontou perda na capacidade de renda do trabalhador. Segundo o instituto, o rendimento médio real do trabalhador foi de R$2.569, com redução de 7,9% em relação ao mesmo trimestre de 2021, quando o apurado foi de R$2.790.
“A gente tem gerado mais emprego com renda menor e continua com a massa salarial mais ou menos estável.”, concluiu Campos Neto.
Da Redação, com Agência Brasil