31/05/2022 às 13h17min - Atualizada em 31/05/2022 às 13h17min

Mercado do boi gordo segue pressionado, mas já dá para ver o seu final

Os cenários do mercado não mudam e têm deixado os pecuaristas bem preocupados e as indústrias bem à vontade para fazer ofertas cada vez menores pela arroba do gado pronto, testando a resistência do produtor rural. Por outro lado, tenho dito e escrito que a oferta da safra de boi veio antes, chegou mais cedo, impactou bastante o mês de maio e, se veio antes, vai embora mais cedo também.

E como é isso?

Vou desenvolver a resposta durante o texto. Entretanto, é preciso mostrar que os negócios de vendas de gado pronto para frigorífico apresentaram recuos relevantes e que foram intensos na última semana. Eu até acreditava em queda, mas elas vieram expressivas na última quinta-feira (sempre na quinta). Na média a oferta ficou até R$4 mais baixa para arroba de novilhas, bois e vacas. Quedas expressivas que deram a “liberdade” para frigoríficos ofertarem de dois a três reais a menos na última sexta-feira.

A realidade segue frustrando o pecuarista, com uma indústria que construiu um escala de abate relevante e com a média nacional alcançando 11 dias. Em São Paulo a última semana somou mais dois dias garantidos de trabalho para a indústria, agora batendo 12 dias. Mato Grosso mantém oito dias e Mato Grosso do Sul, chegou a dez.

Na sexta-feira do dia 21 de maio, concedi uma entrevista na qual falava de 45 dias ainda pela frente de pressão negativa, com redução gradativa no decorrer deste tempo. O  cenário para o lado da produção deve começar a se equilibrar, mostrar alguma melhora por volta do dia 15 de junho e estar equilibrado na entrada de julho. Assim espero...

De um modo geral, as grandes ofertas de gado estão passando e os últimos 15 dias mostram este momento. Também, há quem tenha segurado por mais tempo, mas só vai conseguir um resultado melhor, de fato, se conseguir ficar com o rebanho até julho e são 30 dias até lá. 

O período é sazonal e já dá para ver o seu final. Podemos esperar equilíbrio no mercado e reversão de posição do boi gordo na segunda quinzena de julho. Espero que sim, mais uma vez. Contudo, não dá para ignorar que vivemos um movimento de cadeia com a queda dos preços de todas as categorias, uma oferta intensa de fêmeas para o abate e, também, de boi magro e bezerros.

Os desdobramentos devem vir e trazem a necessidade de observação aos animais magros negociados neste período, principalmente em torno do volume real. Todavia, a matança de fêmeas já traz impactos no próximo ciclo com uma oferta bem menor de bezerros, o que deve trazer este mercado para realidade novamente.

Outro ponto que gosto de destacar aqui é em torno da relevância do mercado interno brasileiro. Este consumidor é ávido por comprar e consumir mais carne bovina, mas como sabemos vem pressionado pelas questões da economia do país, principalmente, em torno da inflação e perda de poder de compra. Muitos destes consumidores, quando me encontram em casas de carne ou supermercados, disparam a pergunta: “Se a arroba está caindo, por qual motivo a carne bovina não recua no preço?”. E olha que isso acontece em Campo Grande/MS!

O varejo da carne bovina pode ser dividido em duas partes. Começo pelo grande varejo, este segurou o preço por um bom tempo, até para a mercadoria não ficar parada, sacrificou um “pouquinho” de suas margens. Agora, tem reduzido o preço lentamente para o consumidor final recuperando aquelas margens. E sim, da indústria para o varejo houve queda nos preços. O pequeno e médio varejo, que trabalha com carne commodity (não grife de carnes) tem reduzido o preço, mais lentamente do que poderia também. Este modelo de comércio ressente bastante o momento difícil do consumidor brasileiro. Não digo de preços altos de carne, mas sim da perda de poder de compra que atingiu a todos de alguma forma, no Brasil e no resto do mundo.

Para a semana é provável que tenhamos uma pressão também expressiva por parte da indústria, com propostas menores. Junho começa da forma que maio terminou, mas está passando.

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