O analista de mercado da Scot Consultoria, Alcides Torres, disse acreditar que os impactos nas exportações brasileiras, pelo possível lockdown em Pequim, seguido de outro em vigor em Xangai, serão bem menores do que durante os anos de 2020 e 2021, auge da pandemia de Covid 19. “Significa menos consumo.”.
Ponderou, no entanto, que a classe média chinesa está crescendo muito e que a população está se tornando urbana. O que equilibra a situação. Mais gente consumindo, mesmo com as restrições.
Ele pontuou que o aumento do preço do dólar vai amenizar o problema. Os frigoríficos exportadores estão aumentando seus embarques e, em abril, o país vai voltar a bater recordes de exportação de carne bovina.
O maior problema do comércio da carne bovina é o mercado interno. Alcides lembrou que 70% da produção nacional é consumida no país e que esse consumo vem caindo. Era em torno de 35 quilos por habitante/ano e está na casa dos 25. E ele não vê melhora nesse cenário antes do final de 2023 e começo de 2024, quando a carne bovina terá preços mais atrativos. “Este ano ainda vai ser um ano de carne cara”.
Segundo explicou na entrevista, o lockdown em Pequim não é uma medida precipitada, mas esperada por causa da política zero contra a Covid 19 na China. Lembrou que o Brasil e os Estados Unidos, durante a pandemia, foram os únicos países a cumprirem todos os compromissos e se tornaram vendedores confiáveis no mercado externo.
O maior problema para nossas exportações de carne bovina e de alimentos, no médio prazo, segundo ele, é outro. A aproximação entre a Rússia e a China deve tornar os russos os maiores exportadores de alimentos para o país asiático.
Torres também falou que o dólar mais alto deve prejudicar os frigoríficos brasileiros que não exportam. Os altos preços da proteína bovina no mercado interno devem dificultar o consumo do mercado doméstico.
Com possível lockdown em Pequim, pode acontecer o mesmo problema com as 4 plantas brasileiras que tiveram as exportações suspensas pelo governo chinês. Mas não será tão dramático como nos anos anteriores.
Soja
Ele não vê problema nas exportações de soja ou do farelo de soja. A China tem uma política de aumentar e modernizar a sua produção agropecuária. Investe em novas e sofisticadas granjas para a produção doméstica.
Por isso, afirmou na entrevista, que o país vai continuar a demandar grandes quantidades para abastecer e manter esse projeto.
Da Reação