Embora os sinais vindos do exterior tenham apontado para um dia de aversão ao risco, a taxa de câmbio terminou o pregão desta terça-feira perto da estabilidade, negociado a R$ 5,1755, em alta de 0,03% no mercado à vista. O pregão foi marcado por oscilações bastante contidas entre leves altas e baixas do dólar em relação ao real, no momento em que os agentes já aguardam a decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed).
Ante moedas de mercados emergentes, o dólar também exibiu ligeira alta ante a maioria. Por volta de 17h, a divisa americana subia 0,06% contra o rublo russo; avançava 0,03% ante o rand sul-africano; tinha alta de 0,32% em relação à rupia indiana; e saltava 1,03% na comparação com o peso chileno. Já o índice DXY, que mede o desempenho do dólar contra uma cesta de outras seis moedas principais, recuava 0,21%, para 92,45 pontos.
As atenções dos agentes, agora, se voltam à decisão do Fed, que será divulgada amanhã à tarde. Embora não esperem uma alteração nas taxas de juros ou no programa de compras de ativos, o comunicado do encontro deve ser lido com atenção, no momento em que o mercado busca por pistas sobre como o banco central avalia o ritmo de recuperação econômica. Além disso, declarações do presidente do Fed, Jerome Powell, sobre como se dará o processo de redução das compras de ativos (“tapering”) também devem ser acompanhadas de perto.
Por aqui, os agentes também acompanham as apostas em relação aos próximos passos da política monetária no Brasil. No mercado de opções digitais, a possibilidade de uma elevação de 1 ponto percentual da Selic em agosto está em 78%, enquanto a chance de uma alta de 0,75 ponto é de 12%.
Em relatório enviado a clientes, economistas do Citi apontam que o dólar está em torno de R$ 5,20 diante de impactos ainda limitados da recente mudança na postura do Fed. Para eles, contudo, a normalização da política monetária dos Estados Unidos deve levar a um fortalecimento do DXY. Além disso, os profissionais apostam que os ruídos fiscais internos devem voltar durante as discussões do Orçamento de 2022 e podem afetar negativamente o desempenho do real.
O Citi projeta que o dólar terminará o ano em R$ 5,32. Para os economistas, os preços das commodities ainda elevados e a fraqueza do real “sustentam um robusto superávit comercial em 2021 (US$ 63 bilhões), que deve apoiar o primeiro superávit anual em conta corrente desde 2006”. Hoje, os números revelados nos dados de transações correntes vieram abaixo do consenso do mercado, mas o impacto no mercado de câmbio foi mínimo.
Apesar disso, o chefe de pesquisa econômica para América Latina do Goldman Sachs, Alberto Ramos, observa em relatório que a dinâmica da conta corrente no curto prazo permanece favorável no curto prazo diante da demanda sólida de exportação e da melhora dos termos de troca. O economista, porém, enfatiza que “um ajuste fiscal profundo, que elevaria a poupança do setor público, continua crítico para facilitar um ajuste estrutural permanente em conta corrente (em vez de apenas um ajuste cíclico impulsionado pela fraca demanda interna abaixo do potencial)”.