O susto com a inflação de serviços no IPCA-15 de julho continuou a dominar as atenções no mercado neste início de semana e fez com que disparassem as apostas em uma aceleração no ritmo de elevação da Selic em agosto. Agora, o mercado já embute nos preços chance majoritária de uma alta de 1 ponto percentual na taxa básica, o que ajudou o dólar a cair mais ante o real do que em relação a outras moedas de mercados emergentes. Assim, no pregão desta segunda-feira, o dólar fechou em queda de 0,71%, negociado a R$ 5,1737 no mercado à vista.
“Estamos vendo um aumento das apostas de que o Banco Central será mais agressivo ao elevar os juros na semana que vem”, afirma o estrategista-chefe do Mizuho no Brasil, Luciano Rostagno. De acordo com o profissional, esse movimento “está dando força à taxa de câmbio e faz com que o real opere com uma valorização um pouco maior em relação aos pares”. O Mizuho, inclusive, espera que a Selic seja elevada em 1 ponto em agosto e que termine o ano em 7%.
Os números do Mizuho faz parte do consenso do mercado em relação à trajetória esperada para a taxa básica de juros no ano. O Boletim Focus divulgado hoje pelo BC mostra que o consenso do mercado migrou para uma elevação de 1 ponto na Selic na semana que vem, ao mesmo tempo em que a mediana das projeções para a taxa subiu de 6,75% para 7% no fim do ano. Mesmo assim, também houve piora nas expectativas de inflação de 2022, que subiram de 3,75% para 3,80%, e dão base para apostas em um aperto mais acelerado da Selic.
Embora os fatores locais tenham ajudado a direcionar o dólar a um dia de queda firme ante o real, a moeda americana também perdeu bastante força no exterior. Por volta de 17h, o índice DXY, que mede o desempenho da divisa americana contra uma cesta de outras seis moedas fortes, recuava 0,31%, para 92,62 pontos. Ao mesmo tempo, o dólar caía 0,11% contra o peso mexicano; cedia 0,27% em relação ao peso chileno; e tinha baixa de 0,24% ante o rand sul-africano.
“Existe algum arrefecimento das preocupações no exterior com a variante do coronavírus. Os mercados lá fora melhoraram um pouco e a agenda de indicadores foi um pouco fraca hoje. De qualquer forma, os dados divulgados de casas novas e da atividade manufatureira do Fed de Dallas vieram mais fracos do que o esperado e diminuem preocupações sobre o aquecimento da economia americana, o que ajuda a enfraquecer o dólar”, afirma Rostagno, do Mizuho.
Nesta semana, o principal destaque está na reunião de política monetária do Fed, cuja decisão será conhecida na quarta-feira. Não são esperadas mudanças nas taxas de juros e nem no programa de compras de ativos, mas alguns analistas já esperam que os dirigentes do banco central comecem efetivamente uma discussão sobre como se dará o processo de redução das compras de títulos pelo Fed (“tapering”).