07/04/2022 às 09h05min - Atualizada em 07/04/2022 às 09h06min

Biogás e biometano podem substituir energia e combustíveis e zerar custos energéticos de propriedades rurais

A cada dia que passa os países descobrem que precisam acelerar a diversificação de suas matrizes energéticas. Às justificativas, antes apenas as mudanças climáticas e o aquecimento global, juntam-se agora os impactos econômicos, sociais e à fragilidade das soberanias da maior parte dos países, quando irrompem conflitos que limitam ou impedem a livre circulação de matérias primas que são a base da produção de energia, como gás natural e petróleo.

A invasão da Ucrânia pela Rússia, que detém as maiores reservas de petróleo e gás natural do mundo, escancara a fragilidade mundial e é o maior exemplo.

Além de energia eólica e solar, os países começam a se voltar para investir na geração de dois biocombustíveis: o biogás e o biometano O biogás é produzido com matéria em decomposição, de origem vegetal ou animal, e seus resíduos sólidos. Falamos de aterros sanitários, estações de tratamento de esgoto, dejetos da produção animal, além da degeneração natural dos restos da vegetação no agronegócio.

O Brasil tem um dos maiores potenciais para a produção desses gases, mas quem mais investe em projetos de médio e longo prazos é a Europa. A situação começou a mudar. Desde 2 de março de 2022 o governo federal, através de uma Medida Provisória, definiu o Regime Especial de Incentivos Para o Desenvolvimento de Infraestrutura (REID), com a possibilidade do uso de crédito do PIS/Pasep e Cofins no investimento para a produção do biogás e biometano.

Segundo a gerente executiva da Associação Brasileira de Biogás (ABiogás), Taimar Roitman, podemos produzir 120 milhões de metros cúbicos diários de biometano. Hoje temos apenas 10 Usinas nos estados do Ceará, Rio de janeiro, São Paulo e Paraná com geração de 2,7 bilhões de metros cúbicos dia. Até 2030 devem entrar em funcionamento outras 25 usinas em São Paulo, Rio Grande do Sul, Goiás, Santa Catarina, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Chegaremos a 30 milhões de metros cúbicos dia, com investimentos de R$ 60 bilhões.

No estado de São Paulo a GasBrasiliano anunciou no ano passado uma rede de gasodutos para transportar biometano a partir da Usina Cocal, em Nandira, até a região consumidora de Presidente Prudente e Pirapozinho.

O biometano é resultado da purificação do biogás, composto em cerca de 50% a 70% de metano e o restante de gás carbônico, água e gás sulfúrico. Os dois, quando não são aproveitados como energia, geram aquecimento global. Nas Usinas de Tratamento de Esgoto ele é queimado para não poluir o meio ambiente.

O gás, após a purificação do biogás, é 90% metano, o mesmo percentual existente do gás natural. Ele pode se transformar em energia elétrica, térmica e em combustível para veículos leves e pesados, nas cidades e no campo. É 30% mais barato que o óleo diesel. Seu preço não está atrelado ao das commodities como os combustíveis fósseis.

 

Agronegócio

Se existe um segmento da economia que pode se beneficiar é o agronegócio. Apenas a suinocultura brasileira resulta em 2.600 carretas de três eixos em desejos todo ano. O biogás é produzido em biodigestores com a decomposição do material em um processo anaeróbico. Ou seja: sem presença de oxigênio.

Os biodigestores privados exigem investimentos. No entanto, o retorno é rápido. Em algumas propriedades, chega a zerar a utilização de todos os outros combustíveis e de energia elétrica, restando ao produtor apenas o pagamento da taxa mínima pela manutenção da infraestrutura das companhias de eletricidade. 

O Brasil tem um potencial geral para 120 milhões de metros cúbicos diários de biometano. Nas propriedades rurais, matéria prima vegetal, dejetos e resíduos da atividade pecuária são um passivo ambiental. Podem e devem se transformar em energia e consumidos nas propriedades tornando-se um ativo ambiental, contribuindo para a saúde financeira na propriedade e na qualidade do meio ambiente.

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