O pecuarista e CEO da CV Nelore Mocho, Ricardo Viacava, em entrevista ao Boletim de Mercado, do Notícias Agrícolas, prevê estabilização no mercado do boi a partir do mês de abril. Desde a semana passada a pressão de baixa começou a se arrefecer.
As maiores pressões foram em março, após recordes de exportação em fevereiro, com crescimento de até 30% e o boi China, padrão exportação, chegando a R$ 350, mas atualmente na casa de R$ 330,00 a arroba, e as vacas a R$ 275,00.
Viacava argumenta que essa pressão se deu pela queda de mais de 10% do dólar frente ao real e pelo excesso de matrizes à disposição do mercado. As vacas que não emprenharam são colocadas à venda, aumentando a oferta e pressionando os preços.
O mercado atacadista também indica melhora, com aumento de até 20% nos preços. Diante do cenário, ele prevê estabilidade. Só vai ocorrer alguma oscilação diante da relação entre dólar e real, a guerra na Ucrânia e o ano eleitoral, diz.
Na primeira quinzena do mês de abril, ele enxerga alguma volatilidade, mas a partir da segunda quinzena a situação volta à normalidade. Pequenas oscilações podem acontecer por causa do preço da arroba do boi.
Outro fator que pode provocar essa pequena volatilidade é o boi a pasto, com forte oferta nesse período. As chuvas deste ano ajudam nas pastagens e, em caso de pressão de baixa, o pecuarista tem como segurar o animal mais uns 40 dias. “O que assusta é a possibilidade de geadas”, diz.
O pecuarista disse ainda não ver grandes motivos para se preocupar. Acredita que os preços vão melhorar e que é momentâneo o diferencial entre machos e fêmeas.
O mercado de reposição também melhorou muito. O preço do quilo do bezerro tem um diferencial de 25% em relação ao boi terminado. Isso permite melhores lucros para o produtor terminador. No começo do ano o diferencial era de 40%, o que impedia a compra e prejudicava o rendimento do boi terminado.
Hoje é o momento certo para o criador repor o seu rebanho.
Ricardo Viacava vê dificuldade para a criação em confinamento. Lembra que o preço dos insumos como milho e soja estão elevados e pode dificultar essa modalidade de terminar o boi. Pecuarista que cria em confinamento terá que trabalhar bem para garantir rentabilidade.
Da Redação