A guerra na Ucrânia pressiona o câmbio, o preço do petróleo e o das commodities alimentícias. Via de regra, o aumento do petróleo, que pode chegar à casa dos 110 dólares o barril, se estende para todas as cadeias produtivas da economia. No Brasil, principalmente, porque toda a riqueza nacional é transportada no modal rodoviário, lastreado no diesel e na gasolina, derivados do petróleo.
Os efeitos provocados pela guerra, define um viés de alta do barril petróleo e, por consequência, impacta todas as cadeias produtivas, aumentando insumos e fretes, de produtos industrializados ou não, e dos serviços. Além da elevação do preço do barril, o câmbio é outro problema. A desvalorização do real frente ao dólar também pressiona o preço final o da gasolina e o do diesel. Quem vai bancar todas as correções nas cadeias produtivas será o consumidor final.
No Brasil essa conta fica ainda mais salgada porque praticamente 100% do Produto Interno Bruto (PIB) é transportado pelo modal rodoviário, totalmente dependente dos derivados do petróleo.
As más notícias por causa da guerra não param por aí. A elevação do dólar impacta os insumos importados pelo agronegócio e eles são repassados ao consumidor final. Direta ou indiretamente. O milho, a soja e o sorgo, por exemplo, insumos com preços definidos pela variação cambial, vão elevar os preços das carnes de frango, suína, ovina e bovina.
A alta do dólar e dos produtos importados que são definidos pelo valor diário do dólar, eleva ainda mais a inflação. A pressão de alta provoca a corrosão do poder de compra do consumidor. Assim como ao produtor agrícola e ao empresário da indústria de transformação. Esse descontrole acaba se estendendo por toda a economia, incluindo o preço dos serviços, cujos custos estão mais atrelados à mão de obra. A mão de obra fica cara na medida que o trabalhador precisa ganhar mais para bancar seus custos mensais.
Até a guerra começar, o real estava se valorizando, derrubando o preço do dólar e, por consequência, o preço dos produtos importados ou definidos pelo valor da moeda americana. Um exemplo é o combustível, ou a farinha de trigo, produzidos com insumos importados. No caso do trigo, importado tanto da Ucrânia quando da Rússia, eleva o preço do pão e dos derivados.
No caso do milho, eles batem nos custos de produção do frango e dos suínos e o consumidor vai bancar a diferença. Caso contrário, o produtor para de produzir. O milho é a base da ração para a criação e engorda dessas duas proteínas.
Mesmo sem a guerra, o preço da soja já aumentava por causa das quebras das safras brasileira e argentina. A guerra impede o livre trânsito desses produtos e é um elemento a mais a pressionar os preços internacionais.
Produtores de commodities como soja e milho no Brasil podem obter ganhos. Depende do fluxo de capital externo, investidos pelos grandes fundos internacionais, que acabam lastreando a produção. Caso os grandes fundos deixem suas posições no Brasil, até os produtores das commodities que tiveram maiores elevações no mercado internacional podem arcar com prejuízos.
Da Redação