A invasão da Ucrânia pela Rússia vai impactar preços e comercialização tanto de commodities alimentícias como minerais. Entre as alimentícias, segundo a Scot Consultoria, o trigo é o que mais será afetado. Esse cenário se dá porque os dois países envolvidos na guerra, Rússia e Ucrânia, produzem 29% do trigo comercializado no mundo. Estão entre os cinco maiores exportadores do grão.
A Scot registra que a “Rússia foi a quarta produtora de trigo do mundo na safra 2020/2021, atrás da China, União Europeia e Índia (USDA).”
A expectativa para a 2021/2022 é de uma produção de 75,5 milhões de toneladas de trigo. Cerca de 35 milhões de toneladas serão exportadas pela Rússia. É a segunda maior exportadora de trigo do mundo, atrás da União Europeia.
A Ucrânia é a nona produtora mundial de trigo e sua relevância está na exportação, sendo a quarta exportadora. Nesta safra, ele deve exportar 24 milhões de toneladas sejam. Claro que a guerra pode mudar as previsões e dificultar a colheita e a logística.
Os dois países estão entre os 10 maiores produtores de milho, mas é da Ucrânia o maior destaque, pois a nação é a sexta maior produtora do grão. A previsão para a produção de milho da Ucrânia para a safra de 2021/2022 é de 42 milhões de toneladas. Já a Rússia está na décima posição, com expectativa de produção de 15 milhões de toneladas de milho. A Ucrânia e Rússia ocupam, respectivamente, a quarta e sexta posição entre os exportadores.
Para a surpresa de muitos, os dois países também produzem soja. São o sétimo (Ucrânia) e o oitavo (Rússia) países que mais exportam a oleaginosa. Em 2021 a Rússia consumiu 768 mil toneladas, com faturamento de US$343 milhões, o que respondeu por 22% do faturamento das exportações russas.
Petróleo e gás natural
É na produção de commodities minerais como petróleo e gás natural que a que a Rússia pode provocar maiores problemas nos mercados internacionais. O país, segundo o Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás Natural, é o terceiro produtor mundial de petróleo.
É a segunda maior produtoras e exportadoras de gás do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos.
Por ser a maior fonte de energia europeia e boa parte da Ásia, a Rússia pode desestabilizar esse mercado e provocar explosão nos preços e na inflação internacional. As duas regiões são abastecidas através de gasodutos que cortam, principalmente, a Europa, passando, quase que 100% deles, pelo território Ucraniano.
Fertilizantes
Para o Brasil, o maior impacto das sanções do Ocidente contra a Rússia é a possibilidade da interrupção no fornecimento de fertilizantes. O país foi o principal fornecedor de cloreto de potássio para o Brasil e um dos maiores fornecedores de fertilizantes nitrogenados e fosfatados em 2021.
O Brasil depende da importação de fertilizantes, sendo o 4º maior importador mundial. No Brasil, a maior fábrica de fertilizantes nitrogenados do Brasil foi fechada em 2020.
A Scot registra que “o conflito deverá elevar os preços dos fertilizantes, que, sem guerra, praticamente dobraram em 2021, elevando o custo de produção, principalmente para a safra 2022/23.”
Mesmo com a elevação dos preços das commodities alimentícias que o Brasil produz, os custos de produção desses produtos vão impactar os produtores e a inflação no mercado interno. A insegurança está estabelecida. O impacto no Brasil será, exatamente, por causa da dependência dos fertilizantes. ao expectativa dos analistas é que os custos das próximas safras sejam fortemente impactados.
A Consultora conclui seu relato, afirmando que, “além dos fertilizantes, o impacto foi grande nos preços do trigo na bolsa norte-americana. Estes, que já vinham firmes, no dia da invasão à Ucrânia (24/2) foram marcados por uma alta de 5,6% e 15,9% nas comparações diária e semanal. A volatilidade de preços dependerá do tempo de duração da guerra e poderá refletir na margem de agricultores e pecuaristas”, conclui.
Da Redação.