22/02/2022 às 09h12min - Atualizada em 22/02/2022 às 10h33min

O mercado nas “mãos” do pecuarista

Há uma desigualdade no mercado de bovinos que tem ficado, a cada semana, mais evidente. A diferença (ágio) entre arroba de boi gordo comercializada no mercado interno e externo, em especial da carne enviada à China. Os valores têm grande distância e o pecuarista precisa estar atento ao perfil de cada praça de negócios.

Acredito que ao longo do ano de 2022 teremos dois mercados distintos: o mercado China, que para a indústria tem se apresentado muito rentável e com margens muito boas, mesmo com as recentes quedas para o dólar que representa, potencialmente, alguma redução no faturamento em Reais. Entretanto, a rentabilidade ainda é muito alta e a indústria tenta antecipar suas compras de todas as formas. Inclusive pagando mais pela arroba.

Contudo, o Brasil é grande e há muita heterogeneidade na oferta de gado pronto e modelos de negócios do setor industrial. Falo da via do mercado interno, atualmente, abastecido basicamente por vacas. O consumo doméstico tem sido abastecido, em parte relevante por fêmeas mantendo algum equilíbrio com a capacidade de compra do consumidor final brasileiro.

Há uma oferta expressiva de fêmeas em várias regiões e estados do país, como Mato Grosso do Sul e Goiás. Com isso, temos visto uma crescente alta no ágio entre o “Boi China” e o “Boi não-China”. Uma tendência que deve permanecer desta forma ao longo do ano.

Aos poucos, temos visto os dias de trabalho de escala nas indústrias ser reduzido. Em janeiro houve uma oferta até melhor de bovinos prontos, por conta de muitos animais que foram mantidos no campo pelo pecuarista na expectativa da volta da China ao mercado, comprando carne bovina brasileira. Depois disso, o mercado normalizou.

Neste momento, o pecuarista domina mais o mercado com as indústrias tentando manter suas composições de escala.

As pastagens têm uma forte melhora registrada e com isso há tranquilidade no campo. Desta forma, toda tentativa de pressão baixista tem sido facilmente contornada pelo pecuarista que opta por deixar os animais no campo.

O que podemos afirmar depois da argumentação exposta é haver duas “pecuárias” bovinas de corte no país. Com cadeia produtiva que envia ou não para China. Apesar de muitos não gostarem desta definição, trata-se do principal argumento para compra ou venda.

Com isso, no curto prazo a arroba vem muito sustentada, com viés de alta. O controle da situação vem muito na mão do pecuarista, em essencial, para os produtores rurais que terminam seus animais antes dos 30 meses.


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