A palavra mais em moda nos anos em que vivemos e, com certeza assim vai se manter ao longo de todo século 21, é “sustentabilidade”. É necessário que tenhamos uma noção universal do significado da palavra para descobrir o seu impacto nas nossas vidas e, definitivamente, praticar o conceito no dia a dia, assim como fazemos com outras questões vitais, sem que nos demos conta objetivamente. Assim como um ciclista se equilibra numa bicicleta sem se dar conta das inúmeras leis da física que domina, mesmo que inconscientemente precisamos “praticar” a sustentabilidade espontânea e naturalmente.
Segundo a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente Sustentável, das Nações Unidas (ONU), desenvolvimento sustentável é aquele capaz de suprir as necessidades da geração atual, garantindo a capacidade de se refazer e prover da mesma forma as necessidades das futuras gerações. É o desenvolvimento que não esgota os recursos para o futuro. Apenas os renova. Ao promover essa discussão, Organização das Nações Unidas (ONU) tentou conciliar dois objetivos: o desenvolvimento econômico e a conservação do meio ambiente.
O conceito de sustentabilidade pode parecer novo, mas o termo nasce após a segunda guerra mundial, ainda na primeira metade do século passado, quando começaram os estudos para a reconstrução da economia devastada pelo conflito, doenças de toda ordem e o desgoverno herdado. A construção das relações sociais, da economia e governança passava por mitigar os impactos negativos da devastação física do Planeta, do homem e de suas instituições. No final do século 20 e começo do 21, ela começou a ser um imperativo para a construção de um novo modelo que substitua o anterior, sem os efeitos negativos acumulados ao longo dos dois últimos séculos.
As atividades econômicas, sociais e de governança da humanidade se desenvolveram em torno de matrizes energéticas sujas, da intervenção equivocada nas biotas do Planeta, que provocaram um desarranjo nos ciclos naturais do meio ambiente, na saúde do ser humano e com uma governança que buscava resultados robustos e imediatos.
Além do desarranjo dos ciclos perenes do meio ambiente, dos impactos na vida do homem, o atual modelo que vem sendo vagorosamente mudado, mesmo que não tivesse provocado todos os males hoje comprovados, teria que ser substituído por um modelo sustentável. Hoje somos 7 bilhões de habitantes no Planeta e, levantamento científicos, indicam que para a manutenção da vida, os recursos naturais existentes não são suficientes. Eles mostram que teríamos que ter uma Terra e meia para suprir as necessidades.
O que pensar das projeções para 2050, quando deveremos ser 10 bilhões de pessoas? Não temos um duas Terras para suprir o que pede o modelo equivocado que usamos hoje. Por isso, um dos dogmas da sustentabilidade é retirar da natureza o que precisamos com técnicas que permitam que ela consiga se refazer para suprir as gerações futuras, sem esgotar os recursos ou renovando-os. Mais dramático ainda é saber que apenas 20% da atual população utiliza 80% dos recursos naturais disponíveis. Isso significa que entre os itens que compõem o conceito de sustentabilidade, é a governança a responsável pela promoção da igualdade econômica, bem-estar comum e acesso universal à saúde.
Um outro pilar do conceito, é a matriz energética usada hoje. Mesmo suja e prejudicial, ela vai se esgotar mais cedo ou mais tarde. Sua base, minerais sujos, como carvão e petróleo, são finitos. Para além da qualidade de vida e reversão do efeito estufa, que aquece o Planeta e coloca em risco a perspectiva da vida, nosso modo de vida só vai se manter se conseguirmos substituir esses alicerces da economia global, por energias renováveis. A solar, a eólica e a ampliação, na medida do possível, da energia proveniente de hidroelétricas. Elas são infinitas e não provocam poluição, ao não emitir gases do efeito estufa.
Essa transformação cultural pela qual os seres humanos precisam passar envolve todos os setores da economia. Desde a primária à terciária, passando agora pela revolução tecnológica. A responsabilidade é de todos. A economia primária precisa evitar impactos negativos no solo, a secundária, acabar com rejeitos que poluem o ar e os rios. A governança é um elemento cave. Afinal, é ela que disciplina e fiscaliza essa transformação, com base na ciência.