Produto considerado de baixo valor comercial por causa da sua cor escura, o mel de aroeira, produzido no Norte de Minas, passou a ser extremamente valorizado a partir do momento em que estudos mostraram suas qualidades terapêuticas. Por causa da reviravolta, o produto recebeu o selo Indicação Geográfica, na Denominação de Origem, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e é hoje um produto que proporciona renda para apicultores daquela região. A informação é do Mapa, e informa que a nova denominação foi publicado na Revista da Propriedade Industrial.
Com produção anual média de 450 toneladas, o Mel do Norte de Minas apresenta compostos fenólicos com ação antioxidante, anti-inflamatória e antimicrobiana, o que fortalece o sistema imunológico.
“Esse é o diferencial do nosso mel. Esperamos que com a IG possamos vender o nosso mel com agregação de valor, desenvolver produtos e serviços com aroeria Myracrodruon urundeuva. Desenvolver turismo, remédios naturais e comercializar nossos produtos no mundo. Com isso, podemos preservar a aroeria e manter os apicultores e agricultores familiares no campo”, explica o presidente da Cooperativa dos Apicultores e Agricultores Familiares do Norte de Minas (Coopemapi), Luciano Fernandes, ao citar estudos da Fundação Ezequiel Dias e do Instituto Mineiro de Agropecuária.
O registro de IG, segundo a coordenadora de Indicação Geográfica de Produtos Agropecuários do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Débora Santiago, reforça a qualidade do produto e traz reconhecimento pelo mercado e pelos consumidores.
“A partir desse momento, os produtores que seguirem as regras da indicação geográfica Norte de Minas podem optar por usar também o Selo Brasileiro da Denominação de Origem no rótulo dos seus produtos, junto com o nome da IG. Os Selos Brasileiros foram instituídos no final do último ano e a gente espera ter valorização, inclusive promoção internacional dos produtos, agregando valor e gerando renda, além de outros benefícios para a região””, declara.
Características do Mel de aroeira
O mel de aroeira recebe este nome porque as abelhas retiram os recursos da planta Myracrodruon urundeuva, um tipo de aroeira, vegetação predominante em regiões de mata seca, caracterizadas pelo clima árido e precipitação anual baixa, além de solos com baixa acidez e altas quantidades de cálcio. Mas, além disto, outro fator natural que contribui para as características deste mel é a associação de insetos psilídeos, conhecidos como pulgões, em suas folhas e flores.
As árvores abrigam esses insetos em todas as fases de seu ciclo de vida (ovo, ninfa e adulta). Eles sugam a seiva elaborada da planta e a digerem e maturam em seu organismo, excretando uma substância açucarada conhecida como melato ou honeydew. Os pulgões, ao sugar a seiva vegetal, também induzem a aroeira a produzir substâncias fenólicas para se proteger, que são excretadas pela planta em diversos de seus órgãos, entre os quais os nectários e as flores.
É assim, ao polinizar a aroeira-do-sertão, que as abelhas coletam um néctar misturado às secreções fenólicas produzidas próximo aos nectários, bem como a secreção excretada pelos pulgões. Desse modo, o mel produzido a partir da aroeira contém alta concentração de compostos fenólicos e presença de melato, diferentemente de méis produzidos a partir de outras espécies vegetais, nos quais está ausente essa última substância
Da Redação, com Mapa