A Companhia Brasileira de Abastecimento (Conab) divulgou nesta terça-feira (11) a quarta projeção da safra de grãos 2020/2021 e aponta para um crescimento na produção, agora estimada em 284,4 milhões de toneladas. Um crescimento de 12,5%. São 32 milhões de toneladas a mais. Os destaques são para a soja e o trigo, que terminou 2021 com safra recorde.
O diretor de Política Agrícola e Informações da Conab, Sergio De Zen explica que “as expectativas da produção do centro oeste contribuíram para a manutenção da expectativa de crescimento da produção de grãos, mesmo com as condições climáticas desfavoráveis no Sul do país, que impactarão na produção de milho primeira safra e soja, o milho ainda está estimado em 24,8 milhões de toneladas”.
Ele informa ainda que “no Rio Grande do Sul, o cenário climático apresentado em dezembro de 2021 foi bastante seco em diversas regiões produtoras e prejudicou a situação de algumas lavouras. No entanto, vale ressaltar que a safra passada também foi bastante prejudicada por intempéries climáticas e por problemas fitossanitários, o que pode equilibrar os comparativos feitos entre as estimativas de produtividade e produção obtidas nesses dois períodos.”
O milho, somando as três safras, está prevista em 112,9 milhões de toneladas.
A soja tem crescimento de 3,8% na área e produção estimada de 140,5 milhões de toneladas, a soja mantém o país como o maior produtor mundial da oleaginosa. “A liderança do Brasil na agricultura mostra os avanços conquistados na produção brasileira de grãos”, ressalta o presidente da Conab, Guilherme Ribeiro.
Ele diz também que “além da versatilidade dos produtores, que estão cada vez mais estruturados a partir de informações de inteligência agrícola da Companhia, outros ganhos são resultado da organização e da parceria de instituições públicas e privadas para o desenvolvimento tecnológico da agropecuária nacional.”
O trigo bateu recorde de produção na safra que já foi concluída e a safra 2021 tem um volume total de 7,7 milhões de toneladas. Mesmo com todas as condições climáticas adversas, o resultado final ficou acima do obtido na temporada passada. As lavouras passaram por estiagem e geadas. O aumento da produção, portanto, se deve a expansão da área plantada.
A produção do algodão cresceu 12,5% na área. Um total de 1,5 milhão de hectares e produção estimada em 2,7 milhões de toneladas. O arroz teve redução de 0,7% na área a ser semeada devido ao cenário mercadológico e produção prevista de 11,38 milhões de toneladas. O feijão primeira safra seguiu a tendência e teve redução de 2% na área a ser semeada e volume 988,4 mil toneladas, já a produção total de feijão no país, somando-se as três safras, está estimada em 3,08 milhões de toneladas.
Em dezembro, com a finalização da semeadura da maioria das culturas de primeira safra, a estimativa da área total a ser cultivada no país em 2021/22 é de 72,1 milhões de hectares, um crescimento de 4,5% sobre a safra anterior. Nesse contexto, estão incluídas as culturas de segunda safra, com os plantios entre janeiro e abril, e as culturas de terceira safra, entre abril e junho. Para o cálculo das estimativas de produção das culturas de segunda e terceira safras do ciclo 2021/22, foram utilizadas metodologias estatísticas específicas, uma vez que ainda há indefinições sobre a área a ser cultivada, assim como a produtividade das culturas. As áreas destinadas às culturas de segunda e terceira safras serão atualizadas ao longo dos próximos levantamentos.
Com relação ao clima, o mês de dezembro fechou o ano de 2021 com grandes volumes de chuva, chegando a ultrapassar a média em diversas regiões do Brasil. “No norte de Minas Gerais e no sul da Bahia, onde esse quadro foi mais extenso, o total de chuvas foi o maior das séries históricas de dezembro, especialmente nas localidades de Lençóis, Ilhéus e Caravelas”, ressalta o gerente de Acompanhamento de Safras, Rafael Fogaça. “No Centro-Oeste, as condições atmosféricas foram favoráveis, mas no Sul, a chuva registrada não foi suficiente para atingir a média em grande parte da região, o que prejudicou a produção no estado.”
Mercado
No âmbito do mercado externo, os destaques são para o algodão em pluma, que fechou o ano com exportações acima de 2 milhões de toneladas pelo segundo ano consecutivo, número 58% acima da média dos últimos 5 anos. Já para a soja em grãos, o Brasil exportou 86,1 milhões de toneladas, superando o recorde observado para o ano de 2018.
Neste levantamento, a Conab também aumentou a estimativa de exportações de algodão para o próximo ano em 2,5%, esperando que seja alcançado um volume de 2,05 milhões de toneladas, enquanto que para soja, a estimativa é um novo recorde com exportações previstas em 89 milhões de toneladas. Para o milho, espera-se fechar a safra 2020/21, no acumulado de fevereiro a janeiro, em 20,5 milhões de toneladas exportadas, contra 19,2 milhões de toneladas no último levantamento. Com isso, a previsão é que o ano-safra de milho feche com estoques finais de 8,8 milhões de toneladas. Para a safra 2021/22, diante do aumento da produção e de uma moeda doméstica desvalorizada, a Conab estima que 36,7 milhões de toneladas serão exportadas. Por outro lado, para a safra 2021/22 a Companhia espera que o estoque final deverá ser de 9,6 milhões de toneladas, valor 8,7% superior ao esperado para a safra 2020/21, porém menor do que o último levantamento, considerando a redução da primeira safra de milho no ciclo 2021/22 divulgado neste
levantamento.
Além disso, a Conab eleva sua projeção de importação de milho para 3,2 milhões de toneladas da safra 2020/21, e para 1,3 milhão de toneladas para a safra 2021/22, devido ao maior volume em desembaraço aduaneiro nos portos e a necessidade de abastecimento nacional, com a possibilidade da produção de milho durante a primeira safra de 2021/22 inferior ao esperado.
Quanto ao trigo, houve redução da estimativa de safra em relação ao último levantamento. A previsão é que os estoques de passagem fechem o ano em 280 mil toneladas, volume superior ao que foi observado na safra 2020/21, porém com redução em relação ao último levantamento, quando se previa a finalização do ano-safra com 410 mil toneladas de estoques de passagem.
Em relação aos preços dos produtos nas principais praças, observou-se, no mês de dezembro em comparação com o mês de novembro, redução de 4,5% nas cotações do arroz no RS, redução de 4,9% no preço do feijão cores SP e elevação de 2,1% no feijão preto PR, redução de 5% no preço do milho em MT e elevação de 5% no trigo do PR, elevação de 0,5% no preço da soja em MT e de 2,5% no PR e ainda a elevação de 4,8% nos preços do algodão em MT.
Da Redação, com Conab.