Em 2022 os países que participaram da Conferência do Clima, em Glasgow, na Escócia, em novembro do ano passado, devem avançar na implementação dos compromissos assumidos para reduzir o aquecimento global e mitigar os seus efeitos.
Reduzir o aquecimento é a ação mais urgente do homem. O objetivo é evitar que o planeta fique 1,5º mais quente até o século 21. Para isso, países terão que tomar decisões políticas que podem impactar negativamente as suas economias.
As mais urgentes são a eliminação dos combustíveis fósseis como matriz energética, tais como o carvão mineral, vegetal, petróleo e substituí-los por fontes de energia limpa e renovável. Outra grande fonte de gases do efeito estufa são as queimadas.
A mudança ou diversificação da matriz energética vai exigir investimentos em escala que apenas um número limitado de países suporta.
Sem uma postura decisiva, vamos assistir aos poucos a mudança de todos os ciclos climáticos que permaneceram perenes por milhares de anos. Onde tínhamos chuvas e culturas agrícolas abundantes, poderemos ter a desertificação.
Se as calotas polares derreterem por completo, os níveis do mar podem se elevar em até 20 metros, eliminando parte importante das maiores cidades do Planeta. A Conferência de Glasgow se deu num ambiente limite.
Os gases emitidos pelos combustíveis fósseis e pela queima de florestas aprisionam o calor que produzimos e o do Sol e impedem que ele se disperse e saia da nossa atmosfera, criando uma espécie de estufa. Os mais abundantes e perigosos são o dióxido de carbono e o metano.
Os compromissos assumidos em Glasgow basicamente reforçam aqueles assumidos na Cúpula anterior, em Paris. A novidade é o anúncio feito por alguns países em antecipar suas metas para redução desses gases. O Brasil anunciou eliminar corte e queima de floresta até 2030.
Nesse caso os países desenvolvidos têm uma contribuição maior a dar. São suas economias as que mais utilizam combustíveis fósseis em suas cadeias produtivas. Países como o Brasil se comprometeram em eliminar a derrubada de suas florestas, as queimadas e a degradação do meio ambiente com extração irregular de minérios.
Os dois países que mais ficaram devendo foram justamente os maiores poluidores do mundo. Esperava-se que os Estados Unidos anunciassem o fim da extração do petróleo do Xisto, um dos maiores poluentes entre os combustíveis fósseis.
No entanto, como maiores exportadores do produto, se recusaram a discutir essa questão. E seu maior adversário geopolítico nos dias atuais, a China, também se reusa a parar de usar o Xisto.
O detalhe é que os Estados Unidos são o maior produtor e exportador mundial de Xisto e a China a maior consumidora e importadora.
O que se espera a partir de agora é que os países saiam do discurso e coloquem em prática os compromissos assumidos. Também é necessário colocar a questão climática no centro do debate político.
Enquanto cidadãos não exigirem, e partidos assumirem em seus programas o compromisso de eliminar os gases do efeito estufa, o assunto pode ir sendo levado em banho Maria.
Talvez não seja assim tão simples: afinal, as atividades climáticas estão mudando numa velocidade tão surpreendente, que vai ficar cada vez mais difícil para a nossa elite dirigente, fazer de conta que não está acontecendo nada.
Portanto, é hora de ir ficar atento e exigir que os compromissos assumidos sejam alcançados.