Os Estados Unidos perderam importância no comércio exterior brasileiro nas últimas duas décadas. Levantamento do Icomex, da FGV, divulgado na segunda-feira (14), mostra que a participação dos americanos nas exportações do Brasil caiu de 24,4% em 2001 para 12,2% em 2024, uma redução de 51%. No mesmo período, a China saltou de 3,3% para 28% e assumiu a liderança absoluta, seguida pela União Europeia (14,3%) e América do Sul (12,2%).
O mesmo fenômeno ocorreu nas importações: em 2001, 22,7% do que o Brasil comprava vinha dos EUA, percentual que recuou para 15,5% em 2024. Enquanto isso, a China disparou de 2,3% para 24,2%.
O estudo também revela o perfil diversificado das exportações brasileiras para os EUA: dez produtos representam 57% do total, com destaque para petróleo bruto (14%), semimanufaturados de ferro e aço (8,8%) e aeronaves (6,7%). Já para a China, três produtos — petróleo, soja e minério de ferro — respondem por 96% do que o Brasil vende.
A análise ocorre em meio à tensão gerada pelo novo tarifaço anunciado por Donald Trump, que pretende taxar em 50% produtos brasileiros a partir de agosto. Segundo o Icomex, setores como siderurgia, aviação e sucos vegetais seriam fortemente impactados. O Brasil, que não tem superávit comercial com os EUA desde 2009, viu a balança bilateral registrar déficit de US$ 1,7 bilhão no primeiro semestre de 2025.
Especialistas avaliam que buscar mercados alternativos para produtos mais manufaturados não é tarefa simples, pela concorrência com países como a China e pela dependência de multinacionais americanas instaladas no Brasil. O governo brasileiro, o STF e o setor privado já articulam estratégias para tentar reverter as tarifas ou minimizar seus impactos.