Marfrig e BRF oficializam fusão e formam gigante do setor alimentício com R$ 152 bilhões em receita

A operação prevê a incorporação das ações da BRF pela Marfrig, com uma proporção de troca definida em 0,8521 ação da Marfrig para cada papel da BRF.

- Da Redação, com Globo Rural
16/05/2025 07h49 - Atualizado há 23 horas
Marfrig e BRF oficializam fusão e formam gigante do setor alimentício com R$ 152 bilhões em receita
Foto: Divulgação

Em um movimento estratégico, Marfrig e BRF anunciaram nesta quinta-feira (15) a união de seus negócios, dando origem à MBRF Global Foods Company. A nova companhia, resultado da fusão, acumula uma receita líquida consolidada de R$ 152 bilhões nos últimos 12 meses.

A operação prevê a incorporação das ações da BRF pela Marfrig, com uma proporção de troca definida em 0,8521 ação da Marfrig para cada papel da BRF.

“A fusão destrava valor, abre caminho e materialidade para redomicílio da empresa no exterior”, declarou Marcos Molina, controlador e presidente dos conselhos de administração das duas companhias, em entrevista ao Valor.

O acordo contempla ainda a distribuição de proventos considerados relevantes pelos envolvidos. A BRF distribuirá até R$ 3,52 bilhões aos seus acionistas, enquanto a Marfrig irá repassar R$ 2,5 bilhões.

De acordo com Molina, a nova companhia — que reúne os ativos da Marfrig, BRF e da americana National Beef — tem grande potencial de expansão internacional, com destaque para Estados Unidos, Oriente Médio e China. O mercado americano, sozinho, representará 43% do faturamento da MBRF.

Nesse contexto, um possível redomicílio da holding para a América do Norte está em análise. “Isso traz vantagens significativas, como alta liquidez no mercado norte-americano, acesso a custos de capital mais atrativos e um potencial reavaliação dos múltiplos das empresas”, explicou.

Segundo o empresário, a preparação da BRF para esse movimento começou há três anos, quando a Marfrig assumiu o controle da empresa especializada em carne de frango e suína. Desde então, as duas companhias já vinham colaborando em frentes comerciais.

Para Molina, as sinergias operacionais possíveis até então foram plenamente aproveitadas. A fusão, portanto, seria o próximo passo necessário para novas capturas de valor.

As sinergias comerciais e logísticas já identificadas devem alcançar R$ 805 milhões por ano, sendo que entre R$ 400 milhões e R$ 500 milhões estão projetados para os primeiros doze meses após a fusão. O restante virá no médio e longo prazo.

Na área de receitas e despesas, a expectativa é de ganhos adicionais de R$ 485 milhões ao ano. Estima-se ainda uma economia de R$ 320 milhões anuais, com medidas como a integração das estruturas comerciais e logísticas, adoção de um sistema operacional único e redução de sobreposições corporativas.

A companhia também prevê vantagens tributárias ao consolidar suas operações, incluindo a aceleração na utilização de créditos fiscais nas esferas federal e estadual. Essa frente, de acordo com as estimativas atuais, pode gerar uma economia de R$ 3 bilhões em valor presente.

Agora, as empresas se preparam para realizar assembleias de acionistas, previstas para 18 de junho, com a expectativa de concluir a transação até 28 de julho.

Na divisão de vendas da nova MBRF, os produtos processados representam 38%, aves e suínos correspondem a 34% e bovinos, 29%.

Com presença global em 117 países, a MBRF estreia como uma das líderes mundiais do setor alimentício, reunindo marcas de destaque como Sadia, Perdigão, Qualy, Banvit e Bassi. O portfólio inclui carnes bovina, suína e de frango, alimentos processados, pratos prontos e rações para pets.


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