O saldo total da carteira de crédito deve apresentar um crescimento de 1,1% em março, com destaque para os recursos destinados às empresas, que devem mostrar uma alta de 1,5%, conforme projeções da Pesquisa Especial de Crédito da Federação Brasileira de Bancos (Febraban). Embora o crédito continue a avançar no mês, o ritmo de expansão anual da carteira de crédito deve desacelerar de 11,8% para 11,1%.
A pesquisa, divulgada mensalmente como uma prévia da Nota de Política Monetária e Operações de Crédito do Banco Central, aponta que as projeções se baseiam nos dados consolidados dos principais bancos do país. A Nota completa será divulgada pelo Banco Central nesta terça-feira (29).
O bom desempenho esperado para o crédito às empresas é impulsionado pela carteira com recursos livres, que deve registrar uma alta de 1,7% no mês, refletindo a sazonalidade positiva das linhas de fluxo de caixa, típicas do fechamento de trimestre. No entanto, essa alta é bem inferior à registrada em março de 2024 (+4,2%), o que resulta na desaceleração da expansão anual da carteira pessoa jurídica livre, que caiu de 9,8% para 7,1%.
O crédito direcionado à pessoa jurídica também deve apresentar crescimento, com alta de 1,3% em março, sustentada por programas públicos. O crédito às famílias, por sua vez, deve mostrar uma expansão mais modesta, com um crescimento de 0,8% no mês.
Apesar disso, o ritmo anual permanece robusto, em 12,3%, ligeiramente abaixo dos 12,5% registrados em fevereiro. A maior alta deve vir da carteira direcionada, com um avanço de 1,1%, enquanto o crédito livre deve registrar um aumento de 0,6%, ainda impactado pela alta dos juros, que afetou as linhas de crédito pessoal e de veículos.
Os números também apontam para um crescimento robusto do crédito no fechamento do primeiro trimestre de 2025, mas a pesquisa indica uma desaceleração em março, principalmente nas linhas mais sensíveis ao ciclo econômico. Essa desaceleração pode sinalizar uma possível perda de fôlego do crédito ao longo do ano, conforme prevê Rubens Sardenberg, diretor de Economia, Regulação Prudencial e Riscos da Febraban.
Embora o resultado de março ainda não tenha capturado os efeitos do lançamento do crédito consignado privado, o Crédito ao Trabalhador, que ocorreu no final deste mês, a substituição de modalidades de crédito mais caras é vista como positiva. Isso contribui para uma carteira mais equilibrada, o que pode favorecer um crescimento sustentável do crédito a médio e longo prazo.
As concessões de crédito devem apresentar uma expansão de 3,8% em março com relação ao mês anterior. Quando ajustado pelo número de dias úteis, o aumento representa 9,3%. Esse crescimento deve ser disseminado entre os recursos e segmentos, com destaque para as concessões às empresas, que devem registrar uma alta de 9,9%, impulsionadas pela recuperação do capital de giro e pelas linhas de fluxo de caixa, beneficiadas pela sazonalidade do trimestre.
As concessões às famílias também devem crescer, com alta de 8,7% na margem. Na comparação com março de 2024, o volume concedido deve crescer 10,4%, ainda sinalizando um bom ritmo de expansão. No entanto, no acumulado de 12 meses, o volume de concessões deve apresentar uma leve desaceleração, passando de 14,8% para 14,7%, mas mantendo-se em um patamar robusto.