Os produtores de soja de Mato Grosso devem lidar com um cenário de custos recordes para o cultivo na safra 2025/26. Segundo o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), o custeio médio estimado em março alcançou R$ 4.118,61 por hectare — um aumento de 3,75% em relação ao ciclo anterior. O principal fator de pressão são os fertilizantes, que apresentaram altas expressivas nas relações de troca: 29,97% para o Super Simples (SSP) e 18,23% para o MAP.
Diante do aumento, muitos sojicultores estão recorrendo ao sistema de barter — a troca de grãos por insumos — para viabilizar a produção, o que pode comprometer ainda mais a saúde financeira da atividade. Em março, foram necessárias 24,98 sacas de soja para adquirir uma tonelada de SSP e 45,26 sacas para uma de MAP. O milho de alta tecnologia também foi impactado, com o custo subindo para R$ 3.163,85 por hectare, um acréscimo de 1,05% em relação a fevereiro.
Apesar de aproximadamente 50% dos fertilizantes já terem sido adquiridos, o cenário segue desafiador. “É um ano de riscos elevados. O produtor terá de estar bem posicionado para efetivar negócios em meio ao custo elevado e à instabilidade do mercado global”, alerta o consultor Ênio Fernandes, da Terra Agronegócios.
Enquanto isso, no sul do país, o mercado da soja segue marcado por volatilidade e lentidão nas negociações. Nesta quarta-feira (23 de abril), a instabilidade do câmbio e a retração dos produtores mantiveram o ritmo lento dos negócios, segundo a consultoria Safras & Mercado. Muitos agricultores permanecem cautelosos após recentes quedas nas cotações, mesmo com uma leve recuperação em algumas praças.
Em Passo Fundo (RS), o preço da soja subiu de R$ 131 para R$ 135 por saca, enquanto Santa Rosa teve leve recuo, de R$ 132 para R$ 131. Já no Porto de Rio Grande, a saca caiu de R$ 136,50 para R$ 135. No Paraná, os preços em Cascavel ficaram estáveis em R$ 130, e em Paranaguá houve queda de R$ 134 para R$ 133. No Centro-Oeste, o Mato Grosso registrou queda em Rondonópolis (de R$ 116 para R$ 115) e estabilidade em Dourados (R$ 120), enquanto em Rio Verde (GO) o preço caiu de R$ 116 para R$ 115.
No mercado internacional, a Bolsa de Mercadorias de Chicago (CBOT) registrou leves altas, com o contrato da soja para maio fechando a US$ 10,40 1/4 por bushel, e o de julho a US$ 10,50 1/4. As altas foram impulsionadas por compras especulativas e pela sinalização de que os EUA podem negociar tarifas com a China, o que reduziu tensões comerciais. As condições climáticas nos EUA também estão sendo monitoradas, com previsão de tempo mais seco após chuvas recentes, o que pode influenciar o ritmo do plantio.
O câmbio também contribuiu para o cenário de incertezas. O dólar comercial encerrou o pregão com leve queda de 0,18%, cotado a R$ 5,7171 para venda. A oscilação da moeda ao longo do dia impactou o ritmo dos negócios no mercado interno.
Da Redação, com informações do Notícias Agrícolas e Canal Rural