Infraestrutura precária nos portos atrasa embarque de 600 mil sacas de café

Segundo o Cecafé, em março, aproximadamente 55% dos navios enfrentaram atrasos ou mudanças de escala nos principais portos brasileiros

- Da Redação, com Canal Rural
24/04/2025 08h26 - Atualizado há 11 horas
Infraestrutura precária nos portos atrasa embarque de 600 mil sacas de café
Foto: reprodução

Em março, exportadores brasileiros deixaram de embarcar 637.767 sacas de café, o equivalente a 1.932 contêineres, segundo o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé). A paralisação forçada gerou um prejuízo de R$ 8,9 milhões às empresas, que tiveram gastos extras com armazenamento, detenções, pré-empilhamento e antecipação de portões.

Desde o início do monitoramento, em junho de 2024, o setor já acumula perdas de R$ 66,5 milhões com esses custos adicionais, resultado direto da infraestrutura deficiente nos principais portos de escoamento do país.

Além do impacto direto às empresas, o Brasil também deixou de arrecadar US$ 262,8 milhões (cerca de R$ 1,51 bilhão) em receita cambial no mês passado. A estimativa considera o preço médio de US$ 336,33 por saca de café verde (FOB) e a cotação média de R$ 5,7462 por dólar em março.

“O Brasil é o país que mais repassa ao produtor o valor do preço FOB de exportação. Quando os embarques deixam de acontecer, o impacto atinge diretamente o cafeicultor, que trabalha com dedicação para entregar um produto de alta qualidade e sustentável”, destacou o diretor técnico do Cecafé, Eduardo Heron.

De acordo com o Boletim Detenção Zero (DTZ), elaborado pela ElloX Digital em parceria com o Cecafé, 55% dos navios (179 de um total de 325) sofreram atrasos ou alterações de escala nos principais portos brasileiros em março.

O Porto de Santos, responsável por 78,5% das exportações de café no primeiro trimestre de 2025, registrou atraso ou mudança de escala em 63% dos navios, afetando 113 embarcações. O tempo de espera mais longo chegou a 42 dias. Segundo Heron, também foram identificadas 19 omissões de escala e 13 cancelamentos de viagens de longo curso apenas em março, agravando o congestionamento nos pátios e comprometendo toda a cadeia logística.

Apenas 12% dos embarques no porto santista contaram com mais de quatro dias de janela para carregamento. Em 55% dos casos, esse prazo ficou entre três e quatro dias, enquanto 33% tiveram menos de dois dias para realizar as operações.

No Rio de Janeiro, segundo maior porto exportador de café do país (com 17,2% de participação entre janeiro e março), 59% dos navios também enfrentaram atrasos. Em março, 43 das 73 embarcações sofreram alterações de escala, com um intervalo máximo de 15 dias entre os prazos estabelecidos. Dos embarques fluminenses, 18% tiveram mais de quatro dias de janela, 36% entre três e quatro dias e 46% menos de dois dias.

 


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