O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) agendou para maio uma auditoria no sistema de sanidade pecuária do Brasil. A inspeção será conduzida pelo Serviço de Inspeção e Segurança Alimentar (FSIS) e faz parte do protocolo técnico de verificação entre os dois países. Segundo o governo brasileiro, trata-se de uma ação rotineira, sem qualquer ligação com as recentes medidas protecionistas adotadas pelo presidente norte-americano Donald Trump.
As visitas técnicas vão incluir a análise do serviço oficial brasileiro e inspeções em frigoríficos habilitados a exportar carne bovina para os Estados Unidos. Atualmente, o Brasil conta com 55 unidades e armazéns autorizados, entre eles plantas das maiores empresas do setor, como JBS, Marfrig, BRF e Minerva.
O secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura (Mapa), Luis Rua, afirmou que a auditoria é prevista dentro do processo de manutenção de mercados e ocorre, em média, a cada dois anos. “É uma prática agendada previamente, que visa verificar se o Brasil continua atendendo aos requisitos sanitários estabelecidos no protocolo bilateral”, explicou.
De acordo com Rua, o foco da auditoria será o serviço oficial brasileiro — como processos de documentação, inspeção e controle sanitário —, com visitas pontuais a frigoríficos, escolhidos por critérios logísticos. “Não se trata de uma ação voltada a empresas específicas, tampouco relacionada a tarifas ou barreiras comerciais”, reforçou.
A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) também minimizou qualquer especulação sobre retaliações comerciais. “Desde a reabertura do mercado em 2017, o Brasil já foi auditado várias vezes, sem nenhum episódio de não conformidade. Essas auditorias integram o processo de equivalência entre os sistemas de inspeção e são exclusivamente técnicas”, declarou o presidente da entidade, Roberto Perosa.
Apesar do ambiente mais tenso no comércio internacional, o Brasil segue como um dos principais fornecedores de carne bovina para os EUA. Em 2024, o país exportou 229 mil toneladas para o mercado americano, com receita de US$ 1,35 bilhão. Dentro da cota estabelecida entre os dois países, 65 mil toneladas podem ser vendidas com isenção de impostos. Acima desse volume, os produtos enfrentam uma tarifa de até 36,4%.
A expectativa do governo é que a auditoria transcorra normalmente e reforce a credibilidade do sistema sanitário brasileiro.
