Governo de SP realizará audiência pública sobre venda de fazendas experimentais
POR ESTADÃO CONTEÚDO
11/04/2025 08h40 - Atualizado há 20 horas
São Paulo, 11 - A Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo (SAA) convocou a comunidade científica para uma audiência pública e listou 35 áreas que estão na mira do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) para serem vendidas, conforme publicado na terça-feira (8), no Diário Oficial do Estado. A audiência pública convocada pelo governo de São Paulo ocorrerá na próxima segunda-feira (14), com o objetivo de discutir uma proposta de alienação nessas áreas, informa a Associação dos Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo (APqC).
Na avaliação da APqC, a venda de fazendas experimentais que pertencem ao Estado de São Paulo é um risco para a segurança alimentar da população. "As áreas são referência há décadas pelos estudos realizados por institutos públicos de pesquisa ligados à SAA. Tecnologias pesquisadas ao longo de anos levaram ao desenvolvimento de soluções agropecuárias, como novas cultivares, técnicas de manejo e práticas sustentáveis".
"A segurança alimentar das próximas gerações depende do investimento que fazemos hoje em pesquisa e inovação, e o Estado de São Paulo sempre esteve na vanguarda do conhecimento. Sem áreas de experimentação, não é possível testar e validar soluções que garantam produtividade, adaptação climática e sustentabilidade", afirmou em nota a presidente da APqC, Helena Dutra Lutgens.
Entre as unidades ameaçadas está a Fazenda Experimental que fica na Estância Turística de São Roque. Especializada em agroecologia, na unidade foram descobertas variedades de uvas orgânicas, além de um trabalho de melhoramento da alcachofra, a partir de estudos comandados pelo pesquisador Sebastião Tivelli. Hoje, o vinho orgânico produzido a partir da variedade de uva descoberta é premiado internacionalmente, além de fomentar o turismo, com base na economia de São Roque.
Outra unidade na lista é a Fazenda Santa Elisa, em Campinas, referência em pesquisas do Instituto Agronômico (IAC). Nela são realizados diferentes estudos e uma das áreas analisadas para venda abriga parte do maior e mais importante banco de germoplasma de café do mundo.
"É uma irresponsabilidade com a história e o patrimônio de São Paulo se falar em venda de área de pesquisa sem apresentar um único estudo sobre os impactos dessas medidas para as pesquisas em andamento, o meio ambiente e para a economia do Estado, já que essas áreas são fundamentais para o desenvolvimento regional, a produção de alimentos e os bons resultados atingidos pelo agronegócio paulista", destacou Lutgens.
A associação defende que o Estado reforce os investimentos em ciência e tecnologia, especialmente em um contexto de emergência climática. Segundo a entidade, desenvolvidos em fazendas experimentais são fundamentais para enfrentar problemas como a deficiência hídrica, os estudos de poluição manancial e o aumento da temperatura em diferentes regiões paulistas.
A entidade alerta, ainda, que a pesquisa tem enfrentado falta de pesquisadores e de servidores de carreiras de apoio há anos. Conforme levantamento da APqC, atualmente, há mais de 8 mil cargas vagos nos institutos que atuam nas áreas de agricultura, meio ambiente e saúde.
Fonte: ESTADÃO CONTEÚDO
FONTE: ESTADÃO CONTEÚDO