Mais Arrobas com o uso de sensores e drones

A tecnologia na pecuária possibilita o monitoramento da forragem, das condições do solo e do gado, por meio de dispositivos como drones, sensores e softwares

João Menezes
09/04/2025 08h58 - Atualizado há 1 semana
Mais Arrobas com o uso de sensores e drones
Foto: reprodução

A tecnologia tem se consolidado como uma grande aliada da pecuária, facilitando operações no campo, reduzindo o uso intensivo de mão de obra, minimizando erros operacionais e, principalmente, aumentando a eficiência e a produtividade. Já não é novidade o uso de imagens aéreas feitas por drones ou satélites para monitorar a oferta de forragem, identificar áreas com presença de plantas daninhas, detectar infestações por pragas e doenças ou avaliar falhas em piquetes. Contudo, o avanço tecnológico vai muito além dessas aplicações e pode ser decisivo no incremento de arrobas produzidas por hectare.

Hoje, sensores e dispositivos conectados oferecem ao produtor um leque de informações valiosas. Coleiras inteligentes, brincos eletrônicos, balanças automatizadas e sensores de solo são alguns exemplos de ferramentas que ajudam a entender o desempenho do rebanho e a dinâmica da pastagem em tempo real. Aplicativos conectados a esses sensores permitem que o gestor acompanhe, do celular, indicadores como ganho médio diário dos animais, padrão de movimentação, ingestão de água, temperatura corporal, funcionamento das cercas elétricas, clima e umidade do solo, entre outros. O resultado é a possibilidade de uma tomada de decisão mais rápida e assertiva, com reflexos diretos no desempenho zootécnico e econômico do sistema.

Um exemplo prático é o uso de balanças eletrônicas posicionadas em pontos estratégicos da fazenda. Esses equipamentos pesam os animais de forma automatizada sempre que eles acessam bebedouros ou cochos e enviam os dados para a nuvem. Com isso, é possível identificar variações de ganho de peso antes que o problema se agrave, seja por limitação nutricional, estresse térmico ou desafio sanitário. Outro exemplo promissor é a combinação entre drones e softwares de análise de imagens para estimar a produção de forragem. Isso permite ajustar, com mais precisão, a taxa de lotação animal de cada piquete, evitando tanto o subpastejo quanto o superpastejo — ambos prejudiciais à eficiência do sistema.

Os sensores de solo, por sua vez, têm se mostrado fundamentais em áreas com irrigação ou onde se pretende aplicar adubação de forma mais criteriosa. Eles ajudam a monitorar o teor de umidade, temperatura e até a presença de nutrientes, permitindo uma gestão mais racional da água e dos insumos. Em sistemas intensivos, essa informação é valiosa para manter a pastagem em alta produção e, consequentemente, sustentar um maior ganho de peso por hectare.

Um exemplo real de integração entre sensores e drones em um sistema de produção de bovinos de corte, destacando a correlação entre a estimativa de oferta de forragem por hectare (via drone) e o desempenho dos animais monitorados por sensores de peso:

FIG. 1. Relações entre os ganhos de peso diários por animal (y) e as disponibilidades de matéria verde seca (x) em pastagens dos gêneros Panicum e Brachiaria (Documento 74 – Embrapa).

É claro que nem todas essas tecnologias são viáveis ou necessárias em todas as propriedades. O tamanho da área, o nível de intensificação, o perfil da mão de obra e os objetivos do produtor devem ser levados em conta na hora de escolher quais ferramentas adotar. Em propriedades extensivas, o uso de drones para identificação de invasoras e mapeamento de pastagens pode ser o primeiro passo. Já em sistemas mais intensivos, como confinamentos ou pastagens irrigadas, sensores de solo e de desempenho animal tendem a trazer retornos mais imediatos.

A mensagem principal é que conhecer essas ferramentas e entender sua aplicabilidade é fundamental para quem busca produzir mais arrobas por hectare de forma eficiente e sustentável. O ganho de produtividade não está apenas em adubar mais ou suplementar melhor, mas também em gerir com mais precisão os recursos disponíveis. E é aí que a tecnologia se mostra uma grande parceira: fornecendo dados que ajudam o produtor a tomar decisões embasadas, reduzir desperdícios e potencializar resultados.

Com um bom planejamento e apoio técnico, o investimento em sensores, drones e softwares de gestão pode ser mais acessível do que se imagina — e o retorno, em produtividade e rentabilidade, pode surpreender.

 

 


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