A Rússia declarou nesta terça-feira (25) que a suspensão das sanções ocidentais contra empresas russas ligadas à exportação de alimentos, fertilizantes e ao transporte marítimo é condição essencial para avançar nas negociações sobre um novo acordo de segurança marítima no Mar Negro.
O anúncio foi feito após negociações realizadas em Riad, nas quais os Estados Unidos se comprometeram a auxiliar na retomada do acesso da Rússia ao mercado global de exportação agrícola e de fertilizantes. Esse compromisso é visto como um passo importante para o restabelecimento de um acordo de segurança no Mar Negro, cuja última versão foi encerrada pelo país do leste europeu em 2023.
A Rússia, maior exportadora mundial de trigo e fertilizantes, planeja enviar cerca de 40 milhões de toneladas de trigo nesta temporada, com foco nos mercados do Oriente Médio, como o Egito. O país também busca aumentar suas exportações agrícolas em 50% até 2030. Em 2024, a Rússia exportou cerca de 40 milhões de toneladas de fertilizantes minerais, com Brasil, Índia, China e Estados Unidos entre os principais compradores.
Para que o acordo avance, sobretudo, Moscou exige a suspensão das sanções contra o Rosselkhozbank, banco russo que oferece serviços financeiros ao setor agrícola, além da reintegração da instituição ao sistema internacional Swift. As sanções ao Rosselkhozbank foram o principal motivo da saída da Rússia da Iniciativa do Mar Negro, mediada em 2022 com apoio da Turquia e da ONU.
Ainda que os produtos agrícolas russos continuem alcançando mercados considerados "amigáveis" pelo Kremlin, as empresas exportadoras relatam dificuldades em realizar pagamentos internacionais e em operar embarcações devido às restrições impostas. O governo russo também pede o fim das sanções sobre empresas de seguros que atuam no transporte de alimentos e fertilizantes.
"Queremos que o mercado de grãos e fertilizantes seja previsível, para que ninguém tente nos 'dissuadir' dele", afirmou o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov.
Além das negociações sobre exportações, Rússia e Estados Unidos concordaram em interromper ataques às infraestruturas de energia russas e ucranianas por um período de 30 dias, iniciado em 18 de março, como parte dos esforços para estabilizar a região.