Alta da Selic a 14,25% impacta crédito e custeio no agro

Especialistas alertam que elevação é prejudicial em cenário de inflação dos alimentos e desafios fiscais

- Da Redação, com Moneytimes
20/03/2025 09h28 - Atualizado há 1 semana
Alta da Selic a 14,25% impacta crédito e custeio no agro
Foto: Marcelo Casal Jr / Agência Brasil

O Comitê de Política Monetária (Copom) anunciou nesta quarta-feira (19) uma elevação da taxa Selic em 1 ponto percentual, passando de 13,25% para 14,25%. A decisão, tomada de forma unânime, preocupa especialistas do setor agropecuário, que veem o aumento como um fator que irá encarecer ainda mais o crédito e dificultar o custeio, a comercialização e os investimentos no agronegócio.

Leandro Gilio, professor e pesquisador especializado em agronegócio no Centro de Agronegócio Global do Insper, destaca que, apesar do apoio do Plano Safra, os juros elevados já são um desafio para o setor. O governo tem enfrentado dificuldades em manter a equalização dos juros, e o problema tende a se agravar nos próximos anos devido à combinação de taxas mais altas e dificuldades fiscais.

A situação se torna ainda mais problemática em um cenário de alta inflação dos alimentos. Gilio observa que custos mais elevados podem ser repassados ao consumidor final, o que poderia exacerbar a pressão sobre os preços. Além disso, o enfraquecimento da demanda interna, decorrente do menor dinamismo da economia, também preocupa os produtores.

Apesar dessas preocupações, Gilio ressalta que o aumento da Selic é uma medida necessária para o controle da inflação, diante das dificuldades fiscais do governo.

Para Felippe Serigati, pesquisador da FGV Agro, o comunicado do Copom destaca uma incerteza externa significativa e um mercado de trabalho interno ainda aquecido, embora com sinais de moderação. Além disso, o Copom sinalizou que, embora um novo aumento de juros seja esperado para a próxima reunião, ele será em uma magnitude menor.

A elevação da Selic, portanto, se apresenta como um desafio adicional para o agronegócio em meio a uma conjuntura econômica complexa, onde a alta nos preços dos alimentos e os custos mais altos de financiamento pressionam o setor produtivo.


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