A bolsa brasileira alternou altas e baixas durante boa parte da manhã e iniciou a tarde renovando as mínimas do pregão, pressionada pela queda em Vale e Petrobras. Por outro lado, os ganhos firmes dos bancos aliviam parte da pressão. Ainda assim, o Ibovespa caminha para encerrar agosto com perdas, na segunda desvalorização mensal consecutiva, em um mês marcado por ruídos políticos, o que eleva a cautela na sessão de hoje.
Às 13h35, o Ibovespa caía 0,95%, aos 118.602 pontos, colado à pontuação mínima do dia, aos 118.599 pontos, depois de ter subido até os 120.157 pontos, na máxima até então. O volume financeiro somava R$ 8,6 bilhões, projetando giro de R$ 19,9 bilhões movimentados pelo índice à vista até o fim do dia.
Para Enrico Cozzolino, sócio-analista da Levante Investimentos, o dia de hoje está mais para cautela do que para “embelezamento de carteira”, apesar de ser o último pregão de agosto da bolsa brasileira. “Foi um mês marcado por bastante notícias políticas, que deixaram o mercado bastante bipolar, mas o resultado até que não foi tão ruim, dado todo o cenário e muitos ruídos”, avalia.
Até o horário acima, o Ibovespa acumula queda de 2,4% no mês, menor que o recuo de 3,94% em julho, quando interrompeu quatro meses seguidos de alta, no pior desempenho mensal desde fevereiro. “Foi um mês de correção, mas por causa desse ambiente político e não por fundamento”, ressalta Cozzolino. “Nesse nível, algumas empresas são penalizadas por essa questão e ficam com preços descontados”, emenda o analista da Levante.
Entre as ações brasileiras, Vale ON caía 1,96%, enquanto Petrobras tinha quedas de 1,78% e de -2,05% nas ON e PN, respectivamente, acompanhando a queda das commodities no exterior, após dados mais fracos que o esperado sobre a atividade na China, o que também contamina as ações de siderúrgicas. CSN ON figurava no topo do ranking de maiores quedas, com -4,31%.
Porém, em relatório, o estrategista global do Rabobank, Michael Every, lembra que os acontecimentos políticos na China têm sido a principal notícia para o mercado financeiro nos últimos meses, em meio às medidas de regulação adotadas por Pequim em vários setores econômicos: tecnologia, saúde, educação, propriedade, entrega de alimentos e jogos eletrônicos.
Na outra ponta, Itaú Unibanco PN subia 1,70% e Bradesco PN ganhava 1,09%, enquanto Santander Units avançava 2,45%, figurando entre os destaques positivos. No topo do ranking de maiores altas, estava MRV ON (+3,42%), recuperando parte das perdas da véspera. Ontem, o setor financeiro foi pressionado em meio a relatos sobre manifestações de diferentes segmentos de atividades em defesa da democracia, às vésperas dos atos esperados para 7 de Setembro.
Para Cozzolino, da Levante, o fator político tende a continuar sendo um fator limitador dos negócios locais. “Isso não muda e deve continuar em setembro e até o ano que vem, virando um teto para os ativos locais. Mas também tem um limite que o mercado aceita de preço e daí esse desconto por causa dos nossos ‘jabutis’, ‘jabuticabas’, viram oportunidades de compra”, resume o analista da Levante. Para ele, a manutenção da postura suave (“dovish”) do Federal Reserve em Jackson Hole ajuda a aliviar a tensão local.