76% dos CEOs do agro estão otimistas com crescimento da economia, diz pesquisa
POR ESTADÃO CONTEÚDO
05/02/2025 16h57 - Atualizado há 2 horas
Brasília, 5 - Mais de três quartos (76%) dos executivos do agronegócio brasileiro estão otimistas com o crescimento da economia nos próximos 12 meses, revela a 28ª edição da Pesquisa Global com CEOs da PwC, empresa de consultoria e auditoria. Há um ano, 69% dos CEOs do setor confiavam no crescimento do setor.
O levantamento, divulgado na terça-feira, 4, mostra que outros 16% projetam um cenário de estabilidade, enquanto 8% dos executivos avaliam o risco de uma desaceleração em 2025. A confiança do agronegócio ficou acima da média nacional, já que, considerando todos os setores da economia, 73% dos executivos apostam no crescimento da economia brasileira, 14% acreditam na desaceleração e 13% na estabilidade.
O otimismo dos CEOs brasileiros se sobressai sobre a média dos executivos globais, dos quais 57% acreditam no crescimento de seus países, 22% apostam na desaceleração e 21% veem estabilidade econômica. A PWC entrevistou mais de 4,7 mil líderes empresariais em cem países, sendo do Brasil maior número dos que responderam.
Na avaliação do sócio da PWC Brasil e líder de Agronegócio no Brasil da consultoria, Maurício Moraes, a confiança maior do agronegócio em relação à economia brasileira na comparação com os executivos dos demais setores reflete o cenário desafiador de 2024 para o setor e a perspectiva de conjuntura um pouco melhor neste ano. "Isso é muito positivo. De maneira geral, 2024 não foi um ano fácil para o agronegócio, apesar de ter sido positivo para setores como café, laranja, carnes e cacau. Agora, os CEOs do setor olham para 2025 com possibilidade de retomada", disse Moraes, em coletiva de imprensa para apresentação dos resultados da pesquisa.
Ele também é CEO do PwC Agtech Innovation. "Há crença de que tende haver retomada do setor a partir do fim do primeiro semestre. Há uma tendência real de melhora no setor agropecuário", apontou.
Na avaliação de Moraes, o otimismo dos executivos do agronegócio com o próprio setor recai também na confiança dos CEOs com o cenário nacional.
"A recuperação que está acontecendo no agronegócio se reflete na percepção geral do setor quanto à economia. Além disso, a pesquisa foi realizada depois das eleições nos Estados Unidos e há avaliações de que as disputas comerciais anunciadas podem trazer benefício ao Brasil, em virtude de discussões tarifárias envolvendo a China, o que também afeta a percepção do setor", avaliou Moraes. "Esse otimismo pode vir também de uma resiliência maior do setor em meio a crises sanitárias e conflitos", pontuou.
Quanto à economia global, 66% dos líderes do agronegócio brasileiro acreditam na aceleração da economia global nos próximos 12 meses, acima dos 40% registrados há um ano, enquanto 24% esperam estabilidade.
O indicador de otimismo dos CEOs do agronegócio nacional com o crescimento da economia mundial supera também a média mundial de 58% e está levemente abaixo dos 68% relatados entre os demais executivos nacionais.
Já a parcela de CEOs do agronegócio brasileiro que vê desaceleração na economia global, de 10%, é inferior aos 15% da média brasileira e aos 20% da média mundial da pesquisa.
Em relação às próprias empresas, 48% dos líderes do agronegócio ouvidos na pesquisa estão confiantes de que as receitas tendem a crescer neste ano ante 35% há um ano. A confiança é inferior à média dos líderes empresariais brasileiros, de 50% (abaixo dos 52% de 2024), mas superior à media dos líderes empresariais globais, de 38%. Para os próximos três anos, 66% dos executivos do agronegócio apostam no aumento da receita das suas empresas, ante 57% há um ano e ante 54% da média nacional e 53% do mundo.
"Esses dados refletem maior otimismo tanto no curto como no longo prazo no setor do agronegócio, em contraste com uma visão mais cautelosa do conjunto de executivos nacionais", observou a PwC na pesquisa.
Apesar do otimismo com maior faturamento das suas empresas, apenas 38% dos entrevistados no setor disseram que planejam ampliar o quadro de funcionários no próximo ano, em comparação com 22% que pretendem reduzir. O resultado está abaixo da média nacional, onde 53% dos executivos planejam expandir suas equipes, enquanto 14% preveem cortes no quadro de funcionários.
Em relação aos seus próprios negócios, 44% dos executivos do agronegócio brasileiro entrevistados temem que seus negócios não sejam viáveis em dez anos, caso não haja reinvenção nos modelos de negócios. Esse índice era de 31% há um ano.
"Esse aumento expressivo mostra a necessidade premente de inovação e urgente em acompanhar as mudanças, rever modelos de negócios e fazer uma mudança estratégica. Um desafio influenciado pelas novas tecnologias e novos competidores no mercado", observou o líder de Agronegócio da PwC. Apesar do crescimento na percepção de inviabilidade econômica do modelo atual de negócio, os indicadores do agronegócio permanecem abaixo do reportado por líderes de outros setores, sendo a média do Brasil de 45%, mas superam a média global de 42%.
Entre os CEOs do agro entrevistados, 54% responderam que buscaram uma nova base de clientes nos últimos cinco anos para reinvenção, 48% dizem ter desenvolvido produtos e serviços inovadores e 44% afirmam ter realizado parcerias com outras organizações para reinvenção estratégica - bem acima da média nacional de 33%. "O agro é um dos setores com maior apetite de olhar para fora para buscar inovação e reinvenção, buscando parcerias e outras organizações. É um movimento que vemos com tradicionais competidores se unindo para fazer frente aos impactos das mudanças no ambiente de negócios", pontuou Moraes.
No agronegócio brasileiro, 44% dos CEOs afirmaram que suas empresas começaram a competir em pelo menos um novo setor nos últimos cinco anos - movimento impulsionado pela integração de tecnologias e pela diversificação de receitas com investimentos em bioenergia e biocombustíveis.
Fonte: ESTADÃO CONTEÚDO
FONTE: ESTADÃO CONTEÚDO