Gargalo logístico atrasa embarque de café e faz Brasil perder R$ 3,4 bilhões em receita cambial

Cecafé cobra investimentos para evitar novas perdas e melhorar a eficiência portuária

- Da Redação, com Canal Rural
04/02/2025 10h14 - Atualizado há 19 horas
Gargalo logístico atrasa embarque de café e faz Brasil perder R$ 3,4 bilhões em receita cambial
Foto: Divulgação Porto Santos

Os embarques de café sofreram atrasos significativos em 2024, resultando na retenção de 1,8 milhão de sacas nos portos brasileiros, segundo levantamento do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé). O problema causou uma perda de US$ 555,62 milhões (R$ 3,3 bilhões) em receita cambial, considerando o preço médio de exportação de US$ 304,25 por saca e a cotação média do dólar em dezembro de R$ 6,09.
 

De acordo com o diretor técnico do Cecafé, Eduardo Heron, as alterações de escala de navios, os atrasos frequentes e a rolagem de cargas foram os principais responsáveis pelo gargalo logístico. Apenas em dezembro, os entraves resultaram em prejuízo de R$ 9,2 milhões para os exportadores devido a custos adicionais de armazenagem e retenção de contêineres. Desde junho, as perdas acumuladas já somam R$ 51,5 milhões.
 

O impacto da crise logística vai além dos exportadores. Segundo Heron, os produtores de café, majoritariamente agricultores familiares, também sofrem as consequências, pois os atrasos reduzem o repasse do valor das exportações. Como o Brasil é um dos países que mais transfere o preço FOB da exportação aos produtores, os problemas portuários afetam diretamente a renda da cadeia produtiva.
 

O setor de exportação enfrenta dificuldades com o crescimento da demanda por contêineres e a falta de infraestrutura adequada nos portos brasileiros. "Nosso objetivo é garantir que o agronegócio continue gerando divisas para o país, com mais eficiência e competitividade nas exportações", afirmou Heron.
 

Os problemas logísticos evidenciam o esgotamento da capacidade dos portos brasileiros. O Cecafé defende investimentos urgentes na ampliação de pátios e berços, na melhoria da infraestrutura de rodovias e ferrovias e no aprofundamento do calado para receber embarcações maiores.
 

Na última semana, o Comitê Logístico do Cecafé se reuniu com Beto Mendes, diretor de Operações da Autoridade Portuária de Santos (APS), para tratar dos desafios no embarque de café pelo Porto de Santos, responsável por 68% das exportações nacionais do grão. Entre as soluções em análise, estão a ampliação da Rodovia dos Imigrantes, o aprofundamento do calado e o leilão do terminal TECON10, previsto para o segundo semestre.
 

A APS também assumiu a gestão do Porto de Itajaí (SC), com o objetivo de aliviar a sobrecarga do cais santista e melhorar a logística portuária no país.
 

O Boletim Detention Zero (DTZ), da startup ElloX Digital, revelou que 71% dos navios (206 de 290) tiveram atrasos ou alteração de escalas em dezembro de 2024, afetando diretamente os embarques de café. No Porto de Santos, 132 das 157 embarcações registraram atraso ou alteração de escala, impactando 84% dos embarques. O maior tempo de espera foi de 56 dias, e 40 navios sequer tiveram abertura de gate para carga.
 

O Cecafé segue pressionando o governo e autoridades portuárias para que medidas estruturais sejam implementadas, evitando novos prejuízos para o setor cafeeiro e garantindo a competitividade do Brasil no mercado global.

 

 

 


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