Modelo de produção de carne amplamente utilizado em países como Estados Unidos e México, o uso de animais provenientes da pecuária leiteira têm ganhado espaço na produção nacional de carne de alta qualidade, com a inserção de animais de genética melhoradora de cortes cárneos, por meio do cruzamento industrial.
Os criadores de gado leiteiro que se encontram próximos à estabilidade de crescimento de rebanho avaliam diversificar a renda com a produção de carne de alta qualidade e construir valor na cadeia, adequando-se ao ESG (ambiental, social e governança).
Um dos programas mundialmente conhecidos que incentiva os produtores a aproveitarem os bezerros para a produção de gado de corte de elite é o “Beef on Dairy”, prática que permite aproveitar parte da cria da atividade leiteira para produção de carne e, ao mesmo tempo, proporcionar ganhos genético mais acelerados no rebanho em produção.
“Esse modelo de produção que já garante mais de 20 % da carne de alta qualidade dos EUA, visa o cruzamento de animais produtores de leite, como as raças Holandesa e Jersey, com animais de corte”, destaca a nutricionista animal da equipe de Pecuária - Bovinos da Capal, Dinarte de Almeida Garrett Neto.
Há alguns anos, a Capal Cooperativa Agroindustrial, em parceria com a cooperativa paranaense de carnes CooperAliança, fomenta a proposta e já começa a colher bons resultados.
Como funciona o projeto?
Ela cita que, na Capal, há 3 anos alguns produtores que aprimoram o manejo e ambiência, dos animais em produção de leite e período seco, aderiram ao programa de estímulo ao Beef on Dairy, com o objetivo de melhorar a relação da taxa de descarte e a necessidade de recria de animais jovens para reposição e ou incremento do rebanho, analisando causas voluntárias e ou involuntárias de descarte.
Conforme explica a especialista, as raças escolhidas para o cruzamento nas vacas de genética holandesas e jersey são sêmens de animais angus, e wagyu, visando mercados de maior valor agregado.
“O angus é o animal que tem gerado ganho genético em menor tempo oferecendo precocidade e eficiência alimentar com um melhor aproveitamento em relação ao que ele consome de alimento comparado à quantidade de carne produzida. Já com o wagyu temos um pretexto para receber um valor a mais pela arroba, com marmoreio ainda mais acentuado”, pontua a nutricionista.
Ela comenta que é a partir da análise do potencial genético de cada vaca que o produtor decide qual será inseminada com qual genética. “Os animais do leite com menor potencial genético, ou seja, com menor capacidade de imprimir suas características a seus descendentes, recebem a genética angus ou wagyu não-sexado, dando origem a bezerros machos e fêmeas meio sangue”, explica. “Já as vacas com alto potencial genético, recebem o sêmen sexado, com maior probabilidade de nascimento de bezerras fêmeas de alto valor genético”, complementa.
Impactos ambientais
Conforme analisa a nutricionista, a produção de carne de alta qualidade em propriedades leiteiras consegue contribuir com as especificações de certificações, em que a propriedade e o “sistema” somam a produção de leite e carne, que além da qualidade e composição, fruto de protocolos alimentares e ambiência das mães e desses animais, mais genética e manejo, intensificam os valores de responsabilidade no ESG com o consumidor final desses produtos.
“Já que passa a produzir mais proteína consumível disponíveis ao humano, diluindo assim a emissão de metano e outros poluentes melhorando a pegada de carbono da unidade de produção e valorizando a pecuária”, conclui Dinarte.
“Já que passa a produzir mais proteína consumível disponíveis ao humano, diluindo assim a emissão de metano e outros poluentes melhorando a pegada de carbono da unidade de produção e valorizando a pecuária”, conclui Dinarte.