A chegada de um navio com 250 mil sacas de cacau ao porto de Ilhéus, na Bahia, em janeiro reacendeu o debate sobre os riscos fitossanitários da importação da amêndoa africana. O Brasil, que já foi o maior produtor mundial da fruta, passou a depender de importações após a disseminação da vassoura-de-bruxa na década de 1980, reduzindo drasticamente sua produção. Atualmente, a recuperação do setor ocorre em meio a preocupações sanitárias, especialmente com a possibilidade de novas pragas e doenças entrarem no país.
A presidente da Associação Nacional dos Produtores de Cacau, Vanuza Barroso, alerta para os riscos que o cacau importado pode trazer. "As principais indústrias processadoras estão concentradas em Ilhéus, e todo o cacau nacional também passa por essa região. Um único carregamento contaminado pode causar um desastre fitossanitário", enfatiza. O ex-presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Ilhéus, Milton Andrade Júnior, também critica a qualidade do cacau importado da Costa do Marfim e os riscos associados à segurança fitossanitária.
As críticas do setor se intensificaram após a revogação do uso do Brometo de Metila, um fumegante utilizado para combater pragas, proibido pelo Ministério da Agricultura por questões ambientais e de saúde. O coordenador-geral de Fiscalização e Certificação Fitossanitária Internacional, Eduardo Henrique Porto Magalhães, garante que as novas técnicas adotadas, como o uso de Fosfina e inspeções rigorosas, são eficazes para mitigar riscos. "Todos os carregamentos são supervisionados e, caso haja suspeita de contaminação, amostras são enviadas para análise laboratorial", afirma.