30/08/2021 às 14h00min - Atualizada em 30/08/2021 às 14h00min

Ibovespa reduz queda de olho no dólar e juros futuros

A bolsa brasileira é negociada em queda praticamente desde a abertura do pregão, mas reduziu boa parte das perdas, atenta ao comportamento dos demais mercados domésticos. Ainda assim, o Ibovespa mostra pouca força para ampliar a euforia na última sexta-feira, após o tom suave (“dovish”) na fala do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell. A agenda carregada no Brasil e no exterior nos próximos dias reduz o ímpeto dos negócios locais, que são pressionados pelo sinal negativo vindo dos bancos, enquanto Vale e Petrobras alternam altas e baixas.

Às 13h45, o Ibovespa perdia 0,36%, aos 120.239 pontos, depois de ceder até os 119.354 pontos, na mínima até então. O índice à vista oscilou em alta logo após a abertura, indo aos 120.684 pontos, na máxima. Em Nova York, os índices Dow Jones e S&P 500 tinham altas de 0,08% e de +0,58%, nesta ordem.

“Abriu lá fora e os ‘gringos’ entraram vendendo aqui”, comenta um operador sênior de renda variável de uma corretora nacional. Ele se refere à presença majoritária de instituições financeiras cujo perfil de clientes é estrangeiro atuando mais fortemente na ponta vendedora na bolsa brasileira. Segundo ele, quatro dos cinco maiores vendedores de bolsa eram “gringos”. “Dólar e juros futuros com viés negativo impedem uma queda maior no Ibovespa”, emenda. “Resta saber se o local vai ter força para segurar”, completa o operador, referindo-se ao fluxo do investidor nacional.

Ainda no mesmo horário, o volume financeiro do Ibovespa somava R$ 6,7 bilhões, projetando giro de R$ 16,8 bilhões até o fim do dia. No mercado acionário brasileiro como o todo, o montante negociado somava R$ 9,2 bilhões.

Nos demais mercados domésticos, o dólar à vista oscilava em alta de 0,06%, cotado a R$ 5,1966, e a taxa do DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 9,37%, de 9,35% no ajuste anterior.

Entre as ações brasileiras, Vale ON tinha leve alta de 0,26%, enquanto Petrobras exibia queda de 0,41% nas ON, mas alta de 0,28% nas PN. Nos bancos, Itaú Unibanco PN recuava 0,26% e Bradesco PN caía 0,34%.

Entre os destaques, CVC ON liderava as altas (+2,60%). Na outra ponta, apareciam os setores de construção civil e educação: Yduqs ON (-2,92%) e Cyrela ON (-2,72%).

O chefe de renda variável da Valor Investimentos, Romero Oliveira, lembra que a semana reserva uma agenda forte de indicadores econômicos. “Esse movimento de queda antes dos dados reflete uma realização de lucros, após as altas da semana passada, dando a sensação de que recuperação foi mais um repique”, avalia, citando os ganhos de 2,22% na semana passada, o que garantiu a primeira semana de valorização da renda variável local em agosto, reduzindo as perdas no mês para menos de 1%.

Entre os destaques da agenda, estão os números do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil no segundo trimestre deste ano, na quarta-feira. Antes, na terça-feira, tem a Pnad de junho, com os dados sobre o mercado de trabalho no país e, depois, é a vez da produção industrial nacional, na quinta. Lá fora, o destaque fica com o relatório de emprego nos Estados Unidos (“payroll”), na sexta-feira. Também merecem atenção dados de atividade ao redor do mundo e ao longo da semana, a começar pela China, hoje à noite.

“O mercado ficou bem otimista com discurso do Fed, mas se o ‘payroll’ vier positivo, pode precificar o início da retirada dos estímulos a partir de setembro”, observa o analista da Toro Investimentos, Braulio Langer. Ele lembra que apesar de o tom suave (“dovish”) do Fed garantir uma sexta-feira de ganhos nos mercados globais, os investidores seguem em busca de pistas sobre o momento exato do início da redução de estímulos, após Powell afirmar que tal processo pode começar ainda neste ano.

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