A Associação Nacional dos Transportadores de Cargas do Brasil (ANATC) alertou para o risco de um “colapso logístico” no transporte de commodities agrícolas, após mudanças no sistema de pagamento nos pedágios para caminhões. A partir da introdução das etiquetas eletrônicas como único meio de pagamento, a medida começou a afetar motoristas de caminhões que transportam as safras brasileiras de soja e outras commodities, especialmente no contexto da colheita da safra recorde de soja, estimada em 170 milhões de toneladas.
Carley Welter, diretor-executivo da ANATC, afirmou que as empresas fornecedoras das etiquetas não estão conseguindo atender à demanda crescente, impactando cerca de 50.000 caminhoneiros. A falta de tempo para adaptação gerou gargalos logísticos nas estradas, com caminhoneiros e embarcadores enfrentando multas de até R$ 3.000 por veículo a cada viagem. A ANATC destacou que o novo sistema pode resultar em atrasos significativos no escoamento de grãos para os portos, afetando a economia nacional.
No entanto, a NTC&Logística, outra entidade do setor, defendeu as mudanças, afirmando que o novo sistema visa agilizar o fluxo de caminhões nos pedágios. Segundo Gil Menezes, assessora jurídica da NTC&Logística, a transição foi planejada para facilitar o processo e, até 31 de janeiro, os caminhoneiros ainda poderão usar cartões de crédito para completar o pagamento.
Entidades do setor agrícola, como a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), alertam que qualquer falha no sistema pode prejudicar gravemente a logística de transporte, essencial para exportar cerca de 180 milhões de toneladas de grãos em 2025. A ANATC, que representa empresas que movimentam 150 milhões de toneladas de carga, inclui principalmente soja, milho, farelo de soja e outros produtos agrícolas essenciais para a balança comercial brasileira.