Uma possível retomada da greve pelos trabalhadores da International Longshoremen’s Association (ILA) nos portos dos Estados Unidos, prevista para começar em 15 de janeiro, preocupa indústrias norte-americanas, especialmente o setor de grãos. Grande parte do comércio de grãos no país é realizada pela granel, e atrasos nos portos podem comprometer embarques e contratos internacionais.
Em outubro de 2024, uma greve de três dias paralisou portos estratégicos da Costa Leste e da Costa do Golfo, como o Porto de Nova York e New Jersey e o Porto de Savannah, na Geórgia. Na ocasião, apenas contêineres foram afetados, mas analistas alertam que uma greve mais prolongada em janeiro pode atingir também o transporte de grãos.
“As exportações de grãos estão particularmente sensíveis a atrasos nos portos. Mesmo uma paralisação de alguns dias pode impactar os cronogramas logísticos e afetar mercados globais”, afirmaram especialistas do setor.
As negociações entre trabalhadores e empregadores serão retomadas em 7 de janeiro. A ILA exige melhores condições salariais e se opõe à expansão do uso de automação nos portos, um ponto crítico nas discussões.
Em novembro de 2024, as negociações foram interrompidas após os empregadores proporem o uso de máquinas semiautomáticas, irritando os líderes sindicais. O presidente eleito dos EUA, Donald Trump, expressou apoio à ILA e criticou o aumento da automação, classificando-a como uma ameaça aos empregos locais.
“O governo deveria pressionar as empresas estrangeiras que controlam o transporte marítimo a investir mais em salários e não em máquinas”, declarou Trump em dezembro.
A greve de outubro foi encerrada após intervenção do governo Joe Biden, que mediou um acordo provisório que incluiu um aumento salarial de 62% ao longo de seis anos. O contrato foi estendido por três meses para novas negociações, mas o prazo expira em 15 de janeiro, deixando o setor em alerta.